segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Xangô.

A reza em Ioruba - Candomblé:
Xangô.
Sángiri-làgiri,
Olàgiri-kàkààkà-kí Igba Edun Bò 
O Jajú Mó Ni Kó Tó Pa Ni Je
Ó Ké Kàrà, Ké Kòró
S' Olórò Dí Jínjìnnì
Eléyinjú Iná
Abá Won Jà Mà Jèbi
Iwo Ní Mo Sá Di O
Sango Ona Mogba Bi E Tu Bá Wó Ile
Jejene Ni Mú Ewure
Bi Sango Bá Wó Ile
Jejene Ni Mú Osa Gbogbo
Xangô:
Que racha e lasca paredes
Ele deixou a parede bem rachada e pôs ali duzentas pedras de raio
Ele olha assustadoramente para as pessoas antes de castigá-las
Ele fala com todo o corpo
Ele faz com que a pessoa poderosa fique com medo
Seus olhos são vermelhos como brasas
Aquele que briga com as pessoas sem ser condenado porque nunca briga injustamente
É em ti que busco meu refúgio
Se um antílope entrar na casa
A cabra sentirá medo.
Se Sango entrar na casa
Todos os Orisa sentirão medo

PARA SER UM BABALAWO SÉRIO, SIGA AS DETERMINAÇÕES DE IFÁ.

PARA SER UM BABALAWO SÉRIO, SIGA AS DETERMINAÇÕES DE IFÁ.
Awon Bàbálawo
Yorùbá – voltamos a insistir nesse assunto de real
interesse para aqueles que desejam conhecer a
Cultura Religiosa Yorùbá. São os passos da caminhada
ao sacerdócio na vida de um Babaláwo.
Ele começa, aos seis anos de idade como
Omo-awo / o filho do segredo ou Kékeré-awo /
pequeno no segredo. Com a opção pela vida sacerdotal
feita, os Pais da criança vão consultar Ifá para
que seja indicado o melhor Mestre para ela.
Identificado o Mestre os Pais levam a criança
até ele. Entregam-lhe quatro obí para que
seja feita a nova consulta a Ifá. Sendo aceito o
Babaláwo dirá: "Láti àsìkò yí lo ìwo (......)
omo (.....) àti (.......) dúró ní iwájú mi láti kó Ifá
dídá. Èmi nfé, gégébi Olùkó re, kí ìwo gba ìmò àti,
wipé léhìn èkó re, ki ìwo lè lo ìmò isé yìí bi ó ti
tó àti bí ó tiye."
A partir desse momento (nome) filho de (nome do Pai)
e (nome da Mãe) está diante de mim para aprender
o Jogo de Ifá. Desejo, como seu Mestre, que ele
absorva os conhecimentos e, ao terminar seus
estudos, possa fazer bom proveito do aprendizado."
A partir daí serão providenciados os ritos de
iniciação. O Omo-awo não poderá ser ensinado,
ou aprender e participar de outros ritos sem que
tenha sido devidamente iniciado, tenha recebido
seu Ìgbá Odú e seu Òpèlè Kàrágbá que
"não tem valor litúrgico", este último servindo
somente para o estudo e aprendizado.
Na maioria dos casos o Omo-awo passa
a residir em uma Ègbé-Babaláwo /
Sociedade dos Babaláwo. Cada cidade
Yorùbá tem uma dessas sociedades comandada
por um Sacerdote do maior nível hierárquico
que é o Olúwo-Ifá, líder pleno, Senhor de Todos
os Segredos. Imediatamente inferior a ele está o
Sacerdote Balógun, homem poderoso no àse da
palavra, deve ser saudável, ter boas condições
econômicas, nesse caso sempre mantém várias
esposas. Subordinados aos Balógun estão os
Àsíwájú-Babaláwo que representam a
Sociedade perante a Comunidade. Encontramos
também os Àsipa-Babaláwo, os relações
públicas; os Akápò-Babaláwo, secretários e
tesoureiros; abaixo destes os outros cargos são
ocupados pelos Omo-awo. Às sucessões
hierárquicas são feitas pela consulta ao oráculo
e posterior prova de capacidade dentre os escolhidos.
Periodicamente são realizadas reuniões presididas
pelo Olúwo e Balógun recebendo o
comparecimento de outros Sacerdotes Lideres
Comunitários de cidades vizinhas. Inicialmente
são realizadas oferendas para Ifá e distribuída
farta alimentação aos presentes. São discutidos
os problemas e todos sugerem soluções.
Construções de Templos e Santuários; soluções
para problemas de ordem sociais; destino do
dinheiro recebido em doações; realização de
Jogos de Òpèlè Ifá ou Jogo de Ikin. São realizados
a pedido dos Qba em busca de orientação; troca
de informações sobre os sistemas de Ifá; Odun Awo
o festival anual em homenagem a Ifá; Òsè Ifá a
semana devotada a Ifá são alguns dos motivos
das àjo / assembléias.
Ao longo de dezesseis anos de aprendizado o
Omo-awo poderá vir a ser um Babaláwo
se houver adquirido o conhecimento da
natureza humana. Nesse período o Omo-awo
vai aprender a obedecer a uma hierarquia
rígida submetida a seu Mestre.
O Omo-awo deverá ser Humilde, devoto, paciente,
perseverante, incansável, solidário, cooperativo,
ético, seguindo a conduta dos mais velhos, aprendendo
a ser responsável e desenvolvendo a capacidade
comunicativa. É impedido à ele a mentira, o roubo,
a ganância, o adultério e o convívio com as esposas
do Mestre, sendo vetado que o Aprendiz sente-se onde
a esposa acabou de levantar, deve sempre trata-la
pelo Título de Ìyàwó / Esposa ou Ìvá / Mãe.
Uma das coisas que pode acarretar a "expulsão"
do convívio com o Mestre será o envolvimento,
assédio ou o fato do Aprendiz manter relações
sexuais com a pessoa que venham buscar
orientação ou o conselho do Babaláwo.
É no contato diário com seu Mestre que ele
aprende a trocar informações, a recitar Ìtòn / /lendas,
Oríkì / evocações, Ofò / encantamentos, Àdúrà,
Gbàdúra / suplicas , Ìjalá, Orin / cantigas, Ìyerè /
cantigas de dor e júbilo para Ifá, a conhecer
os segredos das ewé e fazer os rituais todos.
Sujeita-se a inúmeros ritos iniciáticos periódicos,
inclusive o rito do lde-Odù, indispensável para
que possa iniciar outras pessoas e que o faz
adquirir os conhecimentos de tratar e cuidar
ritualisticamente do Ìgbá Odù. Aperfeiçoa o dom
da palavra, o domínio da oralidade, força
fundamental para ativar o poder dos Elementos
da Natureza.
O Omo-awo deve ser "solteiro" até ser ordenado
Sacerdote, para que não venha a ser atrapalhado
no seu aprendizado pelos afazeres do casamento.
Isso não implica em abstinência sexual ou mesmo
que ele não venha a namorar, mas o casamento
só poderá ser celebrado após sua consagração.
Durante o período de dois anos o Omo-awo
vai aprender a usar o Òpèlè Kàrágbá, só depois
disso podendo estudar os Ikin. Nesse período
ele vai aprender os dezesseis Odù Principais e,
dependendo de sua capacidade de memorização
irá aprender de dois a dezesseis Èsé / contos
sobre cada um deles. (continua)
Tendo memorizado os Odù Principais e seus
Èsé ele deverá iniciar os estudos e memorização
dos Ilé Odù, os menores, na seguinte seqüência:
De Ogbè-Òyèkú a Ogbè-Òfún
De Òyèkú-Ogbè a Òyèkú-Òfún
De Ìwòrì-Ogbè a Ìwòrì-Òfún
De Òdí-Ogbè a Òdí-Òfún
De Ìròsùn-Ogbè a Ìròsùn-Òfún
De Òwòrín-Ogbè a Òwòrín-Òfún
De Òbàrà-Ogbè a Òbàrà-Òfún
De Òkònròn-Ogbè a Òkònròn-Òfún
De Ògúndá-Ogbè a Ògúndá-Òfún
De Òsá-Ogbè a Òsá-Òfún
De Ìká-Ogbè a Ìká-Òfún
De Òtúrúpòn-Ogbè a Òtúrúpòn-Òfún
De Òtura-Ogbè a Òtura-Òfún
De Ìrètè-Ogbè a Ìrètè-Òfún
De Òsé-Ogbè a Òsé-Òfún
De Òfún-Ogbè a Òfún-Òsé
Devendo memorizar no mínimo dois Èsé
de cada um destes acima citados formando
um total mínimo de 512 Èsé, além de seus sinais
gráficos, os conselhos e Etùtù relativo a cada um
dos versos. Para tão grande memorização o
Aprendiz passará pelo ritual do Ìsòyè a fim
de ter aumentado sua capacidade de memória.
Em posse dos conhecimentos sinteticamente
relatados acima será possível proceder ao ritual
Ìkó-Àte, demonstração pública de domínio dos
Odù, consentida pelo Mestre que da independência
ao Babaláwo recém-formado, tornando-o Sacerdote.
Desejamos que o estudante CECY se intere
muito bem quanto aos Rituais de Iniciação nos
Cultos de Òrúnmìlà. Para isso mostraremos uma
das rezas principais do Ritual de Iniciação:
1-) A té o náá.
2-) Hee, a té o náá.
3-) Kí o tún ara e té o.
4-) Awo kì nlé ikún.
5-) Awo kì nlé ejò o.
6-) A té o náá kí o tún ara e té.
7-) Awo kì nsúré gun igi òkókó o
8-) A té o náá kí o tún ara e té.
9-) Kí o má fi ìbá nté ode won ìdì wò.
10-) A té o náá kí o tún ara e té.
11-) Bi odò ba kún kí o má mà wó wò o.
12-) A té o náá kí o tún ara e té.
13-) Bí igbá ba já kí o má mà wó wò o.
14-) A té o náá kí o tún ara e té.
1-) Nós te iniciamos.
2-) Nós te iniciamos.
3-) Que vc faça sua própria iniciação.
(tenha consciência de seus próprios limites)
4-) Um iniciado não se atreve a caçar ikún
sem armas.
5-) Um iniciado não se atreve a caçar cobra
sem armas.
6-) Nós te iniciamos para que vc tenha
consciência de seus limites.
7-) Um iniciado não se atreve a subir correndo
em uma árvore de Òkókó.
8-) Nós te iniciamos para que vc tenha consciência
de seus limites.
9-) Um iniciado não se atreve a caçar sem ser
um bom caçador.
10-) Nós te iniciamos para que vc tenha consciência
de seus limites.
11-) Quando o rio estiver muito cheio não se
atreva a mergulhar sem saber nadar.
12-) Nós te iniciamos para que vc tenha consciência
de seus limites.
13-) Se a corda estiver rompida não suba na árvore.
14-) Nós te iniciamos para que vc tenha consciência
de seus limites.
Aboru aboye
Awo Ifamoriyo Ifarinde Sergio Renaut

ÌTÒN OGUNDA MÉJÌ

ÌTÒN OGUNDA MÉJÌ
Òjòntarigi, a Esposa da Morte
Ele que se atirou repentinamente na estrada,
Foi quem jogou Ifá para Òrúnmìlà
Que estava indo arrebatar Òjòntarìgì,
A esposa da morte.
Òjòntarìgì era a única esposa da morte.
Apesar disto, Òrúnmìlà queria arrebatá-la.
Foi dito a Òrúnmìlà que fizesse sacrifício,
E ele o fez.
Após ter feito sacrifício,
Ele arrebatou Òjòntarìgì da morte.
Morte então pegou o seu porrete,
E foi em direção a casa de Òrúnmìlà.
Ele encontrou Èsù em frente a casa.
Èsù perguntou “Como vai, Morte, cujo apelido é Òjèpè, cujo traje é tingido de osùn.
”Após eles terem trocado cumprimentos,Èsù perguntou a ele “Onde você vai?”
Morte respondeu que ele estava indo para a casa de Òrúnmìlà.
Èsù perguntou,”Qual é o problema?”
Morte disse que Òrúnmìlà tinha pego sua esposa.
E ele tinha que matar Òrúnmìlà naquele mesmo dia.
Èsù implorou a morte para que se sentasse.
Após ele ter sentado,
Èsù deu-lhe comidas e bebidas.
Após a morte ter comido até ficar satisfeito,
Ele levantou-se,Pegou o seu porrete,E foi andando.
Então, Èsù perguntou de novo, ”Onde você está indo?”
Morte respondeu que estava indo para casa de Òrúnmìlà.
Então, Èsù disse,”Como você pode comer a comida de um Homem e depois matá-lo?
Você não sabe que a comida que você comeu,pertence a Òrúmmìlà?”
Quando morte não sabia mais o que fazer, Ele disse,
”Diga a Òrúnmìlà que ele pode ficar com a mulher.”

ÌRETÈ MÉJÌ

ÌRETÈ MÉJÌ
Esponja, Um Instrumento de Limpeza
Aquele que é muito limpo e brilhante
Foi quem jogou Ifá para solo arenoso, descendente do rio Òsun; 
Que é muito cheio e revolto.
Foi quem jogou Ifá para o solo úmido e rico em húmus, descendência de terra de pântano.
Se eu soubesse,
Eu teria feito sacrifício de modo que após o banho eu poderia pular para fora com alegria.
Foi quem divinou Ifá para Esponja,
Que estava indo para sua visita anual a fazenda.
Foi dito a sua árvore que fizesse sacrifício
Mas, o solo arenoso não fez sacrifício.
O solo com húmus também não fez sacrifício.
Só a árvore da esponja fez sacrifício.
Ambos, o solo arenoso e o solo com húmus
Não são capazes de limparem-se.
Mas, a esponja após ser limpa (com um bom sabão),
Pode produzir um som alegre.
Ela disse :
”O aquele que é muito limpo e brilhante,
Foi quem jogou Ifá para solo arenoso e solo de húmus, descendentes de terra do rio Òsun;
Que é caudaloso e revolto;
Foi quem jogou Ifá para solo de húmus, descendente de terra do pântano.
Se eu soubesse,Eu teria feito sacrifício; assim após o banho eu pularia com alegria.
Foi quem divinou Ifá para esponja.
Que estava indo na sua visita anual a fazenda.
Viajantes de Ìpó,
Viajantes de Òfà,
Venham ver a nossa vitória.”

ÒTÚÁ MÉJÌ Esquilo, o Tagarela

ÒTÚÁ MÉJÌ
Esquilo, o Tagarela
A língua comprida;A boca que não guarda segredos;A armadilha armada pela boca, nunca deixa de pegar vítimas;É a língua do tagarela que o mata;
É a língua daquele que fala demais que irá matá-lo;
É o falar demais que mata o bisbilhoteiro.
Foi quem divinou Ifá para esquilo
Que tinha feito um ninho próximo a estrada.
Ele foi avisado para ter muito cuidado
Porque ele não sabia guardar segredos.
Avisaram-no para não falar de tudo o que via
Para outras pessoas.
Mas, o esquilo não deu importância ao aviso.
Então, aconteceu
Que a esposa de esquilo teve dois filhos ao mesmo tempo.
Quando ela estava feliz,Um certo dia,
Ele disse,”O esquilo teve dois filhos,
A casa cheia de crianças.
Todos os viajantes que passam na estrada,
Vêm e os vêem.”Quando o seres humanos viram isto,Eles saltaram para a floresta,
Pegaram o ninho do esquilo,
E o examinaram,
Quando olharam dentro dele,
Eles acharam os dois filhotes,
E os levaram para casa.
Quando chegaram em casa.
Eles colocaram os filhotes de esquilo em cima do inhame pilado,E eles desapareceram na sopa.”

Ofo’sé - ( evocação para se livrar de bruxaria)

Ofo’sé - ( evocação para se livrar de bruxaria)
A gún oke sórè, béè ni enyin ti nsóró, ti e n f’ehìnkùnlè s’ójù ònàn.
Ajè aiyé, ajè òrún, e o gbogbo jè’gi érún.
Obó igi òwò.
Erán ki ijéwè osé.
Ajè ki ibà lè’gi Ajèogbalé.
Njé mo l’èiyé obá.
K’èiyé keiyé ma bá lè mi o, mo d’èiyé obá.
Àsé
Tradução
É o valente que provoca os problemas,você quem procura as dificuldades indo ao rio, você que é o causador de seus problemas
Os elementos da terra e do céu mandam você comer a madeira de érún.
Obó é a madeira venerada ,ninguém se banha do sangue ou se alimenta das folhas de Osé.
Nada é mais importante que a àrvore de Ajèogbalé.
Não permita que nenhum pássaro suba em mim ,Um rei não deixa nenhum pássaro pousar sobre ele.

domingo, 3 de abril de 2016

DEFUMAÇÃOES

DEFUMAÇÃOES


Defumação para atrair Sorte, Dinheiro e Movimento para Casa Comercial:
Folha de louro
Cravo-da-índia (cravinho)
Erva doce
Dandá-da-costa (ralado)
Açúcar mascavo
Canela em pó.
Misturar todos estes ingredientes acima citados, e colocar em uma brasa para fazer defumação, defumar a casa comercial, de fora para dentro, pedindo tudo de bom para o comércio, deixar queimar toda a defumação.

Fazer esta defumação, em um dia de segunda-feira de lua crescente e cheia.

Defumação para atrair Clientes e Movimento para Casa Comercial:
Açúcar refinado
Incenso de igreja
Breu
Erva doce
Semente de girassol.
Misturar todos estes ingredientes, colocar em uma brasa para fazer a defumação, de fora para dentro, sempre com os pensamentos positivos.
Fazer esta defumação, qualquer dia da semana, exceto aos domingos.

Defumação para afastar Mal Fluído de uma Casa:
Fumo de rolo
Casca de alho
Pó de café.

Misturar o fumo, a casca de alho, pó de café, fazer defumador de dentro para fora, enquanto estiver fazendo a defumação, manter um copo de água na porta da saída, quando terminar, despachar a água na rua

CANDOMBLÉ DE ANGOLA


CANDOMBLÉ DE ANGOLA


A "nação" Angola, de origem Banto, adotou o panteão dos orixás iorubás (embora os chame pelos nomes de seus esquecidos inkisis, divindades bantos, assim como incorporou muitas das práticas iniciáticas da nação queto.

Sua linguagem ritual, também intraduzível, originou-se predominantemente das línguas quimbundo e quicongo.

Nesta "nação", tem fundamental importância o culto dos caboclos, que são espíritos de índios, considerados pelos antigos africanos como sendo os verdadeiros ancestrais brasileiros, portanto os que são dignos de culto no novo território a que foram confinados pela escravidão.

O candomblé de caboclo é uma modalidade da nação angola, centrado no culto exclusivo dos antepassados indígenas.

Foram provavelmente o candomblé angola e o de caboclo que deram origem à umbanda.

Há outras nações menores de origem banto, como a congo e a cambinda, hoje quase inteiramente absorvidas pela nação angola.

O Deus supremo e Criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os Jinkisi/Minkisi, divindades do Panteão Bantu.

Essas divindades se assemelham a Olorun e Orishás da Mitologia Yorubá, e Olorum e Orixá do Candomblé Ketu.

Os principais Minkisi são:
Aluvaiá,
Bombo Njila,
Pambu Njila:

Intermediário entre os seres humanos e o outros Jinkice (cf. Exú (orixá)).

Nkosi: Senhor dos Caminhos, das estradas de terra

Mukumbe, Biolê, Buré: qualidades ou caminhos desse Nkisi

Ngunzu: engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra.

Kabila: o caçador pastor. O que cuida dos rebanhos da floresta.

Mutalambô, Lembaranguange: caçador, vive em florestas e montanhas; deus de comida abundante.

Gongobira: caçador jovem e pescador.

Mutakalambô: tem o domínio das partes mais profundas e densas das florestas, onde o Sol não alcança o solo por não penetrar pela copa das árvores.

Katendê: Senhor das Jinsaba (folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais.

Nzazi, Loango: São o próprio raio.

Kavungo, Kafungê, Kingongo: deus de saúde e morte.

Nsumbu - Senhor da terra, também chamado de Ntoto pelo povo de Kongo.

Hongolo ou Angorô: auxilia a comunicação entre os seres humanos e as divindades.

Kitembo: Rei de Angola. Senhor do tempo e estações.

Kaiangu: têm o domínio sobre o fogo.

Matamba, Bamburussenda, Nunvurucemavula: qualidades ou caminhos de Kaiangu

Kisimbi, Samba_Nkice: a grande mãe; deusa de lagos e rios.

Ndanda Lunda: Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi.

Kaitumbá, Mikaiá, Kokueto: deusa do oceano.

Nzumbarandá: a mais velha das Nkisi

Nwunji: Senhora da justiça. Representa a felicidade de juventude e toma conta dos filhos recolhidos.

Lembá Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda: conectado à criação do mundo.

Ritual
Na Angola, os sacramentos são:
1 - Massangá: Ritual de batismo de água doce (menha), na cabeça (mutue), do iniciado (ndumbi), usando-se ainda o kezu (Obi).
2 - Nkudiá Mutuè: (Bori) - ritual de colocação de forças (Kalla ou Ngunzu (Angola) = Asé (Axé) = Muki (Congo)), através do sangue (menga) de pequenos animais.
3 - Nguecè Benguè Kamutué: ritual de raspagem, vulgarmente chamado de feitura de santo.
4 - Nguecè Kamuxi Muvu: Ritual de obrigação de 1 ano.
5 - Nguecè Katàtu Muvu: Ritual de obrigação de 3 anos (Nguece = obrigação), nessa obrigação, faz-se o ritual de mudança de grau de santo.
6 - Nguecè Katuno Muvu: Ritual de obrigação de 5 anos, preparação quase que idêntica a de um ano, só que acompanhada de muitas frutas.
7 - Nguecè Kassambá Muvu: ritual de obrigação de 7 anos, quando o iniciado receberá seu cargo, passado na vista do público, sendo elevado ao grau de Tata Nkisi (Zelador) ou Mametu Nkisi (Zeladora).

As obrigações, são de praxe para os rodantes, porque Kota (ekedi) e Kambondo (Ogã), já recebem seus cargos na feitura, portanto já nascem com suas ferramentas de trabalho, dão suas obrigações para aprimorar seus conhecimentos.

Em Angola, quem passa cargo são os enredos de Dandalunda. Isto é, não é preciso ser filho de Dandalunda, mas é ela quem autoriza aquela pessoa a receber o cargo.

Após 7 anos de obrigações, se renovarão a cada ano com rito de obi ou borí, conforme o caso, repetindo-se as obrigações maiores de 7 em 7 anos para renovar e conservar o indivíduo forte, transformando-o em Kukala Ni Nguzu- Um ser forte.

Kunha Kele: Sacramento realizado 3 meses e 21 dias após a feitura (tirada de kele), quando o santo soltará a Kuzuela = Ilá.

Ordem de barco (sequência das pessoas recolhidas juntas para iniciação) na Angola

1º - Kamoxi,
2º - kaiari,
3º - katatu,
4º - Kakuanam,
5º - kakatuno,
6º - Kassagulu,
7º - Kassambà.

Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância e responsabilidade são: é mais frequente se dizer Tata Nkisi (homem) ou Mametu Nkisi (mulher).

O início e orgulho de uma nação


No ano de 1881, em Salvador – BA, nasce Manuel Bernardino da Paixão.
Em 1919, Bernardino iniciou-se na 
Nação do Kongo, pelas mãos do
Muxikongo (designação das pessoas naturais do Kongo),
Manuel Nkosi, sacerdote iniciado na África.

E sua dijina era Ampumandezu. Quando Manuel Nkosi kufou (morreu), Bernardino procurou sua amiga Maria Genoveva do Bonfim – Mam’etu Tuhenda Nzambi, do Tumba Nsi (outra importante raiz de Candomblé de Angola) que era mais conhecida como Maria Neném.

Foi com ela, que Bernardino tirou a Maku-a Mvumbi (Mão do Morto), pois não havia outras casas de culto Kongo em Salvador.

Como o culto de Angola possui muitas diretrizes do Kongo, acredita-se que ele tenha escolhido o Tumba Nsi por este motivo.

Maria Neném era filha-de-santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da família Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido.

A cerimônia de Maku-a-Mvumbi, a qual Bernardino se submeteu, coincidiu com a iniciação de Manoel Ciriaco de Jesus, nascido em 08 de agosto de 1892, também na Bahia.

A partir daí, Bernardino e Ciriaco se tornaram amigos. Ciriaco, anos mais tarde, após o falecimento de seu irmão-de-santo mais velho, Manuel Kambambi, que na época tinha casa aberta na Bahia, o sucedeu no terreiro que hoje é conhecido por Tumba Juncara (outra importante raiz de Candomblé de Angola).

Com o passar do tempo, Bernardino já muito famoso, fundou o Inzo Manzo Bandukenké (Bate Folha), situado na Mata Escura, em Salvador, Bahia.

O terreno onde está estabelecido o Candomblé, é cercado de árvores centenárias e considerado o maior Terreiro do Brasil que, na época, foi presenteado à Bamburusema (lansã), seu segundo mukixi, já que o primeiro era gamgainbanda (Oxalá velho).

Logo, pelas origens de Manuel Nkosi, o Bate Folha é Kongo e, mantém o Angola, por parte de Maria Neném.

No dia 04 de dezembro de 1929, Bernardino tirou seu primeiro barco, cujo Rianga (1º Filho da casa), foi João Correia de Mello, que também era de Lemba (Oxalá novo).

Tat’etu Ampumandezu iniciou cinco barcos: quatro na Mata-Escura e um na casa da filha.

Nesses cinco barcos ele só fez dois filhos-de-santo homens: João Correia de Mello (João Lessenge), que foi o primeiro e Bandanguame, do segundo barco.

O Bate Folha do Rio de Janeiro

Por volta de 1938, João Correia de Mello, conhecido como João Lessenge (Lessengue), mudou-se para o Rio de Janeiro.

Ao chegar, Lessenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi. Trouxe em sua companhia, alguns irmãos de santo, Mãe Ngukui, chegaram mais tarde em 1952
João Lessenge conheceu outras pessoas de santo, em sua maioria oriundas da Bahia, passando então a participar dos rituais das diversas casas de Candomblé, já existentes na cidade.

Teve como grande amigo e conselheiro, pai pequeno Virgílio Angorense, daí houve uma grande afinidade e algumas liturgias assimiladas do Jeje.

No início dos anos 40, Lessenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Inzo Kupapa Unsaba, mais conhecido como Bate Folha do Rio de Janeiro.

Quando Bernardino faleceu, Tat’etu Lessenge foi escolhido para assumir a casa, o Manzo Bandukenké, mas ele já havia fundado sua casa no Rio de Janeiro e não pode assumir a responsabilidade, que foi passada a Bandanguamê, que era de Kavungo.

O terreiro de Salvador é Bate Folha, porque o nome da fazenda que Tat’etu Ampumandezu comprou para fixar a roça, tinha esse nome.

Já no Rio de Janeiro, Tat’etu Lessenge quis colocar um nome que desse referência a casa onde foi iniciado e ficou Bate Folha também.

João Lessenge tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o último em 08 de novembro de 1969.

No dia 29 de setembro de 1970, às 23:40h, morre João Lessenge, o senhor do Bonfim de Anchieta.

Após o falecimento de Tat’etu Lessenge, em 1970, o Bate Folha do Rio de Janeiro atravessou um prolongado luto.

Somente em 1972, em ocasião de Luvaiu (Cerimônia de Sucessão), que o Bate Folha do Rio de Janeiro reabriu, sendo ali investida, no cargo como Mam’etu riá Nkisi (Sacerdote Chefe), sua sobrinha e filha-de-santo, Mabeji – Floripes Correia da Silva Gomes, tornando-se, herdeira de seu tio Lessenge.

Mam’etu Mabeji, baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro para residir com o seu tio João Lessenge em 19 de outubro de 1946 e iniciou-se no Candomblé em 20 de abril de 1947.

Está à frente do Inzo Kupapa Unsaba, há 34 anos, promovendo e preservando os ritos bantus e kongo, de um modo magistral.

Kigua ao povo do Bate Folha, à Mam’etu Mabeji. Kigua, também, àqueles que com carinho e seriedade, contribuíram para a preservação dos ritos que começaram a ser disseminados ou com Tat’etu Ampumandezu e Tat’etu Lessenge.

A Tat’etu Paulo Mutaua, Mam’etu Sissime, Mam’etu Sambadiamongo, Mam’etu Kilu e tantos outros, que já não estão mais conosco.

E kigua aos que ainda mantém acesa a chama do Angola/Kongo, Mam’etu Maza Kessy, Mam’etu Ofalamim.

E tantos outros que seria quase impossível citá-los, dado o tamanho que está família se tornou.

Falar sobre essa raiz é falar sobre a história do Candomblé no Brasil.

Esta Ndanji (raiz) inestimável, não sentiu a necessidade de “aportuguesar” as cantigas.

Sempre procurou se aprofundar no culto, e talvez por isso aqui houve essa ketualização que ocorre em algumas casas.