sábado, 5 de março de 2016

ALGUMAS QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE IFÁ


ALGUMAS QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE IFÁ

1) Ifá é um Oráculo que tem 10 mil anos, estamos no ano 10.056, e surgiu no alto Egito. 
Desceu à região do Togo, Benin e Nigéria que mais tarde se tornou a Yorubalândia. 

Foi levado por um povo Ulkumi, mais tarde denominados Yorùbás e liderados por um certo Oduduwa. 

Diante do processo de escravização ocorrido nos anos de 1500, Ifá seguiu para a América do Sul, no Brasil e no CARIBE, na Ilha de Cuba, onde foi preservado e codificado naquilo que nós denominamos hoje como Tratados de Ifá, a partir do que foi ditado pelos velhos africanos que aqui chegaram;

2) Ifá não é adivinhação, mas um sistema Oracular que, a partir dos Odus analisa passado, presente e futuro de uma pessoa dando a ela, após os ritos iniciáticos, seu Odu Pessoal e seu Orixá Tutelar;

3) Ifá é para qualquer pessoa, independente da fé que professe, pois, o objetivo de Ifá não é agregar em torno de si, como fazem as religiões, mas, sim, dar ao indivíduo a possibilidade de conhecer seu Odu Pessoal e seu Orixá Tutelar;

4) Ifá não discrimina ninguém, mulheres, homossexuais (adodis), crianças, idosos, homens, todos podem e devem ir a Ifá;

5) O Culto de Ifá é patriarcal. Cabe aos homens conduzi-lo, pois somente é dado aos homens a capacidade de, através de ritos iniciáticos, interpretar os Odus de Ifá;

6) Ifá não discrimina as mulheres nem os adodis. 
A estes são reservados outros papéis religiosos tão importantes quanto, que é o de zelar por Orixás e cuidar dos Oris, uma vez que Babalawô não raspa Orixá e nem faz santo na cabeça de ninguém;

7) Ifá exige disciplina, estudo e dedicação, não cabendo a vaidade pela vaidade daqueles que acham que Ifá é simplesmente usar panos bonitos e sair profetizando aos outros, isso é cosmético, não é Ifá;
Ifá não se joga em mesas e muito menos com búzios. 

Se uma Iyalorixá ou Babalorixá diz que vai consultar seu Ifá e o faz pelos búzios ela/ele está errando, ou melhor, não sabe nem mesmo o que está falando, pois Ifá não fala por búzios;

9) Ifá manifesta-se apenas por dois elementos: os ikins, para consultas mais complexas, e o Opele para consultas mais ordinárias. 

Sua manipulação, seu uso e sua interpretação cabe exclusivamente aos babalawôs, não cabendo aí nem mesmo como objetos de decoração, dada sua sacralidade;

10) Ifá não é brincadeira. 

Não se iniciam pessoas que não podem ser iniciadas, sejam homens, mulheres ou adodis. 

Duas terras caminham juntas e se complementam, mas não se misturam, uma é a terra de Ifá e outra é a terra de Orixá; quem nasceu para uma não pode viver na outra e vice-versa. 

Nem todo homem, heterossexual está fadado a fazer Ifá, caberá a Òrúnmìlà, através de seu Odu, determinar se este homem pode ou não se tornar Babalawô.

 Caso ele tenha caminho de Orixá é por esta terra que ele irá seguir;

11) Ifá não faz santo em ninguém, mas cabe a Òrúnmìlà, como é descrito no Odu Osa Roso, determinar o Orixá Tutelar de todo ser humano que o busque. 

Apesar de ao longo dos séculos no Brasil isso ter sido feito pelo jogo de búzios e pela intuição de zeladores e zeladoras, a prática nos demonstra que há um número elevado de pessoas feitas de santo errado, acarretando a elas uma série de problemas em sua vida cotidiana;

(Um parêntese: apesar de muitos não crerem na ideia de "santo errado" há que se pensar que somos descendentes diretos de uma energia divina chamada Orixá, assim, existem, sim, incompatibilidades gritantes entre algumas destas energias e se uma pessoa que descende da energia “X”, é feita para a energia “Y”, em algum momento da vida ela irá encontrar problemas.)

12) Ifá não é comércio. 

Cobra-se o valor justo pois vários são os Odus de Ifá que falam que deve ser cobrado para que o serviço seja valorizado. 

Quanto mais dedicado é um sacerdote a Ifá, menos tempo ele tem para uma vida civil, portanto, nada mais justo que sua remuneração venha de sua prática religiosa. 

No entanto, o Odu Ika Fun também proíbe que se acumulem bens com os recursos ganhos com Ifá. 

Ou seja, os ganhos são para a manutenção do sacerdote e de sua família, não para que gere dividendos para seus herdeiros;

13) Ifá atua na dimensão pessoal, não é um Culto coletivo onde se vai para ver Orixá virado, ouvir atabaque tocar ou mesmo se participar de ritos. Ifá, em sua dimensão dá à pessoa os instrumentos necessários para ela se cuidar espiritualmente com a ajuda do Babalawô, caso seu caminho seja na terra de Ifá ou com um Babalorixá ou Iyalorixá se seu caminho for a terra de Orixá.

14). Ao se determinar o Orixá Tutelar, a partir do Odu sacado, Ifá determinará a Origem daquele Orixá, a terra de onde ele veio, o caminho que ele percorreu. 

Portanto, independente das nações e das terminologias relacionadas: Ketu, jeje, banto entre tantas outras; é Ifá que aponta onde nasce e por onde caminha aquele Orixá Tutelar daquele indivíduo;

15) Ifá não quer acabar com o Candomblé. Pelo contrário, Ifá entende que deve caminhar junto e parelho com o Candomblé, pois ambos são complementares. 

Em Ifá se faz o que o Candomblé não faz e no Candomblé se faz o que em Ifá não se faz. 

O papel do Zelador e da Zeladora, não só é preservado como fortalecido a partir de sua inserção em Ifá ou da inserção de Ifá em suas vidas. 

Prova disso é que tanto na África, quanto no Brasil, hoje vemos surgir relacionamentos harmônicos e extremamente profícuos entre Babalawôs e Zeladoras e Zeladores;

16) Ifá não está em busca de adeptos. 

Pelo contrário, Ifá entende que só vai a Ifá quem tem que ir, quem Orixá leva, por isso não se buscam prosélitos. 

No entanto, entende-se que é importante que as pessoas conheçam Ifá para que mitos sejam desfeitos e ideias errôneas sejam desmistificadas, tanto sobre o papel de Ifá, quanto sobre o papel do Babalawô.



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