Diferenças entre Umbanda, Candomblé e Quimbanda
Este é um artigo sobre Diferenças entre Umbanda,
Candomblé e Quimbanda. Aproveite também para conhecer alguns produtos
relacionados ao caminho da mão esquerda.
Candomblé, Quimbanda [ou Quimbanda], Umbanda: estas
são as principais denominações entre as religiões afro-brasileiras.
Alguns, negam a estas crenças o status de “religião”:
1. porque não se enquadram na ideia de “religião
oficial”;
2. porque são praticadas por minorias
sociais.
No Brasil, embora muito se fale do Candomblé e da
Umbanda, os números oficiais, do IBGE, não deixam qualquer dúvida
quanto a essa condição de minoria que é uma realidade das religiões
afro-brasileiras.
No censo de 2000, em uma população que ultrapassa
160 milhões de habitantes, pouco mais de 525 mil pessoas se declararam adeptas
do Candomblé e da Umbanda, embora outros tantos milhares de não-adeptos frequentem
terreiros e tendas como “clientes”.
Os dados também revelaram que existem mais
Umbandistas que “candomblecistas”… [Umbanda: 397.431 ─ Candomblé: 127.582, em
universo onde mulheres são a maioria... meditemos...]. Sobre os clientes,
escreve Reginaldo Prandi:
“[O
candomblé] …como agência de serviços mágicos… oferece ao não-devoto a
possibilidade de encontrar solução para problema não resolvido por outros
meios, sem maiores envolvimentos com a religião. [O cliente é] …consumidor de
serviços mágicos que a religião oferece também aos não-devotos, sob pagamento…
– [PRANDI, p 12]…
E sobre as religiões afro-brasileiras como
minorias, comenta Prandi:
“Em
2001, Ricardo Mariano, analisando o crescimento evangélico, em sua tese de
doutorado, fez uma descoberta sensacional. Descobriu que as religiões afro-brasileiras
estavam perdendo fiéis… E apontou como razão o enfrentamento com as igrejas
pentecostais [[os evangélicos, até porque os pastores se apropriaram de rituais
do candomblé ou adaptaram esses rituais como o descarrego,
o banho com a rosa branca, os passes e juntaram tudo
isso com o apelo à figura de Jesus Cristo! ]. …Pode-se ver que a perda de fiéis
do conjunto afro-brasileiro se deve ao encolhimento da Umbanda. Como o pequeno
crescimento do Candomblé não é suficiente para compensar as perdas umbandistas,
o conjunto todo se mostra, agora, debilitado e declinante diante do avanço pentecostal.
” [PRANDI, p 17/18]
No imaginário popular, especialmente daqueles pouco
informados sobre estas religiões, Candomblé, Quimbanda, Umbanda não “tudo a
mesma coisa”, “tudo macumba! ”, não reconhecendo cada uma como credo distinto,
como se não houvesse diferença entre suas teologias, liturgias e origens
históricas. Porém, o estudo, ainda que superficial revela que as três não se
confundem; ao contrário, diferem significativamente em suas características
essenciais e o único fato que têm em comum é a adoção de elementos da cultura
religiosa afro-brasileira e, por brasileira, entenda-se catolicismo no molde
português colonial.
Diferenças em Linha Gerais
Candomblé, Quimbanda e Umbanda distinguem-se:
1. pela natureza das
entidades cultuadas e/ou invocadas/evocadas;
2. pelos
procedimentos do culto;
3. pelos elementos
culturais componentes do sincretismo;
4. e, finalmente,
pelo uso que se faz das forças metafísicas acionadas.
Considerando estes aspectos, notar-se-á,
imediatamente, que o Candomblé difere da Quimbanda e da Umbanda de forma mais
enfática enquanto Quimbanda e Umbanda são muito mais próximas.
No Candomblé, os
cultuados, os Orixás [ou Oriás] são considerados deuses; na Quimbanda e na
Umbanda, ainda que o culto também invoque e evoque Orixás, estes são
considerados meros espíritos ancestrais mais antigos ao lado de numerosas
outras entidades representativas de ancestrais mais modernos e/ou
contemporâneos.
No Candomblé, os
deuses, desde de sua origem em terras africanas, também são ancestrais, porém
sua antiguidade remonta a tempos imemoriais. São como os heróis e deuses
gregos, grandes reis, guerreiros e personagens que viraram mitos, foram
mitificados e, assim, alcançaram a condição de divindades. O mesmo
processo que originou o panteão greco-romano. Muito além da fantasia popular,
os deuses gregos também foram personagens fundadores de Civilizações, de um
tempo antediluviano, como Poseidon [ou
Netuno] que, segundo a tradição relatada por Platão, em Crítias, foi o último rei Atlante da última grande ilha
remanescente da lendária Atlântida.
Na Quimbanda e
na Umbanda, os ancestrais são vistos como antepassados
mesmo, pessoas mortas, homens e mulheres proeminentes e/ou sábios ou, ainda,
perversos. São Espíritos que o baixam culto
[evocação, sem incorporação] ou incorporam nas pessoas [invocação] a fim de
atuar no mundo dos vivos.
A Umbanda reivindica
propósitos sempre voltados para o bem, com um discurso claramente cristão.
A Quimbanda, embora seus teóricos neguem, é fortemente
associada à magia negra, aos trabalhos para o mal e, além de para espíritos
humanos desencarnados, como na Umbanda, também se utiliza de seres não-humanos:
larvas [criações da mente dos sacerdotes-magistrais], demônios [Espíritos obsessores]
e elementais.
Nas palavras do místico e escritor José Romero
Romeiro Abrahão:
“A
Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus,
Quimbandeiros… Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém ou
então para submeter uma pessoa à vontade da outra”.
UMBANDA / CANDOMBLE
Umbanda
A palavra Umbanda é um vocábulo sagrado da língua Abanheenga, que era falada pelos integrantes do tronco Tupy.
Diferentemente do que alguns acreditam, este termo
não foi trazido da África pelos escravos.
Na verdade, encontram-se registros de sua
utilização apenas depois de 1934, entre os cultos de origem afro-ameríndia.
Antes disto, somente alguns radicais eram
reconhecidos na Ásia e África, porém sem a conotação de um Sistema de
Conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da Ciência, da Arte e
da Religião.
O termo Umbanda, considerado a “Palavra Perdida” de
Agatha, foi revelado por Espíritos integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais.
Estes espíritos são Seres que há muito não encarnam por terem atingido um alto
grau de evolução, mas dignam-se em baixar nos templos de Umbanda para trazer a
Luz do Conhecimento, em nome de Oxalá – O Cristo Jesus. Utilizam-se da
mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de veículos para
sua manifestação.
Os radicais que compõem o mote UMBANDA são,
respectivamente:
AUM –
BAN – DAN
Sua tradução pode ser comprovada através do
alfabeto Adâmico ou Satânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre
Saint-Yves d’Alveydre, na sua obra “O Arqueômetro”.
AUM significa “A
Divindade Suprema”, seu símbolo sendo amplamente conhecido:
BAN significa
“Conjunto ou Sistema”, em Adâmico é representado da seguinte forma:
DAN significa “Regra
ou Lei”, sua expressão gráfica apresenta-se como se segue:
A união destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa “O Conjunto das Leis Divinas”,
sintetizado no sinal abaixo:
Portanto, o AUMBANDAN ou Conjunto das Leis Divinas
é a Proto-Síntese Cósmica, encerra em si os princípios geradores do Universo,
que são a Sabedoria e o Amor Divinos. Estende-se ao Ser Humano como a
Proto-Síntese Religião-Científica que contem e dá origem aos quatro pilares do
conhecimento humano, ditos como filosofia, ciência, arte e religião.
Pelo acima exposto, entendemos que a Umbanda é
patrimônio dos Seres Espirituais de Alta Evolução que governam o Planeta Terra,
os Seres Humanos encarnados e desencarnados são herdeiros deste
Conhecimento-Uno. Entretanto, a aquisição deste conhecimento cósmico depende de
condições ou pré-requisitos que o indivíduo deve possuir para que possa
compreender a extensão e significado deste patrimônio. Deve ser, também, capaz
de participar efetivamente da marcha evolutiva do Planeta como um espírito de
horizontes largos e consciência cósmica.
Ao processo de amplificação da consciência que
conduz à integração do Ser neste contexto denomina-se Processo Iniciáticos ou
Iniciação, no qual o pretendente busca o início das Causas e Origens do nosso
Universo a partir do conhecimento de si mesmo e das Leis que regem o
Macrocosmo.
O Movimento Umbandista é um Movimento
Filo-Religioso que visa resgatar o Conhecimento – UNO ou AUMBANDAN, sua
divulgação é estimulada pelo Círculo Cósmico de Umbanda e seus aspectos
internos ou iniciáticos tem suas raízes fundadas na Ordem Iniciática do
Cruzeiro Divino, um Templo-Escola da Alta Iniciação de Umbanda.
História do Movimento Umbandista no Brasil
O Movimento Umbandista é um movimento
filo-religioso surgido no final do século XIX, no Brasil, quando entidades
espirituais, integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais, passaram a
manifestar-se, pela mediunidade, em rituais de cultos praticados por Africanos
e Indígenas, miscigenados com elementos do catolicismo introduzidos pela Raça
Branca.
Na verdade, a eclosão do Movimento Umbandista foi
decorrência das necessidades cármicas que fizeram reunir, no solo brasileiro,
representantes das raças branca, amarela, negra e remanescentes da vermelha.
Assim, o Brasil possibilitou o encontro de coletividades que alimentavam
rivalidades entre si e, de alguma forma, mantinham em seus sistemas religiosos,
fragmentos do Conhecimento Verdadeiro usurpado pela humanidade em sua odisseia
terrena.
O Brasil, conhecido pelos índios pré-cabralianos
como BARA – TZIL (Terra da Cruz ou Terra da Luz), deveria ser o local do
surgimento do Movimento Umbandista porquê, originalmente, havia recebido a
revelação do Aumbandan na época dos Lêmures, no apogeu da Raça Vermelha, no
Tronco Tupy. Foi aqui também que a Tradição foi deturpada em sua essência,
consubstanciando-se na Cisão do Tronco Tupy nos grupos Tupy-Nambá e
Tupy-Guarany que defendiam, respectivamente, o Princípio Espiritual e o
Princípio Natural. Embora os Tupys tenham, algum tempo depois, voltado ao seu caminho
evolutivo original, os resultados de sua Cisão ainda se fazem sentir até hoje,
persistindo na mentalidade humana o dilema entre o Espírito e a Matéria.
Aqueles seres do Tronco Tupy não mais encarnam no
Planeta e mesmo poderiam partir para outros locais mais evoluídos do Universo,
entretanto, optaram por trabalhar em prol da Humanidade, auxiliando-a a
encontrar sua via justa de evolução, restabelecendo a Tradição-Una, o
Aumbandan.
Para servir a este propósito, o Governo Oculto do
Planeta, no momento adequado, lançou as sementes do Movimento Umbandista,
visando inicialmente o Brasil, para futuramente revelar os aspectos cósmicos da
Doutrina para todos os povos. E assim, por dentro dos cultos degenerados de
várias raças existentes no Brasil, passaram então a manifestar-se pela
incorporação, os Espíritos Ancestrais da Humanidade que se apresentavam,
inicialmente, na forma de Índios e, depois, também na forma de Pretos-Velhos e
Crianças. Apresentavam-se desta forma para atingir mais facilmente a
coletividade brasileira, que se identificava, sincreticamente, com estes
arquétipos da Simplicidade, da Humildade e da Pureza.
O aparecimento destas entidades veio a configurar
as bases do Movimento Umbandista, que recebeu uma primeira organização
ritualística a partir de 1908, com o médium Zélio Fernandino de Moraes, tomando
o nome inicial de Alabanda e, depois, de Umbanda.
Quase 50 anos transcorreram
até que, em 1956, o famoso Médium W.W. da Matta e Silva revelou ao público os
primeiros aspectos da Doutrina Esotérica de Umbanda marcando a história com o
livro Umbanda de Todos Nós.
Atualmente o Movimento Umbandista conta com uma coletividade
estimada em 70 milhões de adeptos e simpatizantes, entretanto, números mais
precisos sobre esta população são de difícil aquisição devido à própria
estrutura do Movimento Umbandista.
Esta estrutura comporta uma infinidade de Terreiros
ou Templos com rituais diferentes entre si, consequentes de uma maior ou menor
assimilação sincrética de elementos de outras culturas e sistemas
filo-religiosos. Este sincretismo visa estabelecer uma ponte de ligação que
permita a transição gradual de indivíduos oriundos de outros sistemas para a
Umbanda.
Embora o panorama geral propiciado por estas
variações ritualísticas possa parecer heterogêneo, esta foi uma estratégia
utilizada pelos espíritos da Confraria Cósmica de Umbanda como forma de
minimizar as desigualdades sociais e discriminações de qualquer origem.
Portanto, o Movimento Umbandista é capaz de receber indivíduos com
características e concepções sobre a espiritualidade muito variadas; para cada
um deles haverá um Terreiro ou Templo que mais se adapte ao seu nível consciência.
Como elemento de ligação dos diversos templos,
encontra-se a mediunidade através da incorporação de espíritos que se
apresentam nas três formas arquetipais de “Caboclos”, “Pretos-Velhos” (mais
adequadamente chamados de Pais-Velhos) e “Crianças”.
Estas Entidades procuram
impulsionar, paulatinamente, as pessoas que procuram os terreiros para
patamares superiores de compreensão de si mesmos, do Mundo Material e do Mundo
Espiritual. Obviamente, quanto mais sincrético for um terreiro, mais
distanciado estará da Essência e mais preso estará à Forma.
Mesmo naqueles
templos onde predominam a busca da Essência e a verdadeira Iniciação de
Umbanda, os rituais abertos ao público apresentam apenas uma ínfima parte da
Doutrina, por respeito e caridade aos consulentes, guardando para o interior do
Templo os fundamentos que esperam o momento certo para serem revelados.
A partir de 1989, com o lançamento da obra Umbanda
– a Proto-Síntese Cósmica, que mostrou ângulos inéditos da Umbanda, foi
inaugurada uma nova fase do Movimento Umbandista, revelando-se o caráter
cósmico desta doutrina. Os rituais dos diversos templos vêm-se modificando,
mais adequados à tendência da globalização, que certamente consolidará um Mundo
sem fronteiras para os habitantes do Planeta Terra, estabelecendo seus laços de
ligação não apenas pelo comércio de bens materiais, mas principalmente pela
comunhão de valores espirituais.
Aspectos Básicos da Doutrina de Umbanda
Uma visão geral dos vários tipos de ritual,
encontráveis nos terreiros de Umbanda, não mostra prontamente a Doutrina de
Umbanda. Isto se deve à presença do sincretismo que mascara a verdadeira
Doutrina, de forma a se adaptar às necessidades da população que frequenta os
templos afins.
Os princípios que servem de base para todo o Movimento
Umbandista são sensíveis, especialmente, nos Templos Iniciáticos e nos rituais
internos de alguns terreiros, onde se percebe um interesse maior na busca da
evolução espiritual, sem os véus da ilusão ditados pelo mito.
Partindo desta observação, podemos obter duas
informações preciosas:
A primeira é que, se fôssemos tentar compor uma Doutrina
consistente, a partir das manifestações sincréticas, seria impossível atingir
um quadro coerente, e mesmo que fosse possível, o mesmo ainda estaria
absolutamente distante dos ensinamentos transmitidos pela “corrente Iniciática”.
A segunda informação importante é a de que, excluindo-se as manifestações do
sincretismo nos diversos terreiros de Umbanda, é possível isolar determinados
pontos de semelhança e conceitos compartilhados, que apontam para um sistema
lógico, inicialmente insuspeitado, que se encontra velado pelo caos aparente.
Dentre as semelhanças existentes entre os diversos
terreiros ressalta-se a presença de Seres Espirituais da Corrente Astral de
Umbanda que se manifestam pela incorporação nas formas de “Caboclos”,
“Pretos-velhos” e “Crianças”. Este pode-se considerar o ponto básico que serve
até como qualificador da doutrina professada por determinado núcleo
espiritualista.
A homogeneidade no encontro deste fator que eclodiu em
coletividades distintas e fez surgir o Movimento Umbandista, leva à conclusão
que a Doutrina de Umbanda é fruto da revelação destas entidades através de seus
médiuns e não o resultado de uma miscigenação de cultos afro-ameríndios.
A partir desta pedra angular, constrói-se toda a
Doutrina de Umbanda, fundada no Tríplice Caminho constituído pela Doutrina
Mântrica, pela Doutrina Yântrica e pela Doutrina Tântrica que velam o mistério
da Cosmo gênese. Todos os processos relacionados à evolução dos Seres
Espirituais no Reino Natural são observados à luz destes princípios ternários e
através da lei das analogias, aplicados desde o nível microssomático até o
macrocósmico.
As entidades que se apresentam na Umbanda vêm
personificar a Simplicidade, a Pureza e a Sabedoria, em nome de Oxalá – o
Cristo Jesus – o Tutor Máximo do Planeta Terra.
Através de seus conselhos,
exemplos e mesmo da movimentação das forças naturais, conseguem acender a chama
da Fé no coração dos consulentes que procuram os templos de Umbanda.
A partir
da Fé e da Razão incutem, gradualmente, na coletividade planetária, a
compreensão dos mecanismos da reencarnação, das Leis Cármicas, das atrações por
afinidade e sintonia e ensinam-nos os meios para caminhar seguramente em
direção da nossa própria essência espiritual.
Estas Entidades de grande evolução, na verdade, são
nossos Ancestrais Prime-vos, os primeiros seres a encarnar no Planeta Terra e
que eram senhores do Conhecimento Integral já na época de suas encarnações,
anteriores aos Atlantes.
Toda a Sabedoria Planetária revelou-se como Aumbandan
e deu origem, posteriormente a todas as filosofias, ciências, artes e religiões
que conhecemos atualmente. É por este motivo que encontramos na Doutrina de
Umbanda vários conceitos que ainda foram conservados por alguns setores
filo-religiosos.
Na verdade, o surgimento das religiões e todo
conhecimento fragmentário da atualidade deveu-se à deturpação e uso inadequado
do Conhecimento-Uno existente na época do Tronco Tupy. Por consequência, o
homem perdeu a chave deste mistério e da capacidade de compreender, de forma
sintética, a vida em suas causas e efeitos.
Na expectativa de reconstruir este conhecimento
perdido e de receber os influxos destas portentosas Entidades é que apareceram
os Cultos aos Ancestrais Prime-vos, apregoados pelos grandes patriarcas e iniciados,
cujos resquícios se fazem presentes, ainda hoje, em algumas tradições,
especialmente as orientais.
Por misericórdia divina, os integrantes da
Confraria dos Espíritos Ancestrais vêm trazer as sementes dos novos tempos,
manifestando-se através da mediunidade, auxiliando-nos na jornada evolutiva,
para que novamente o Aumbandan se faça presente na coletividade terrena.
Candomblé não é Umbanda
Elucidar de uma forma definitiva a diferença entre
Candomblé e Umbanda, é um dos meus grandes objetivos com esta obra, pois a
frase mais comum que ouvimos como candomblecista, após uma explanação mesmo que
resumida é que: eu achava que tudo era a mesma “coisa”.
O que primeiro respondo
quando me perguntam sobre a diferença entre Candomblé e Umbanda, é que: não há
semelhança, está eu considero a melhor resposta, pois é o fato, não há a menor
semelhança.
A começar pelas origens, o Candomblé é uma religião
africana que existe desde os tempos mais remotos daquele continente, que é o
berço da terra, de forma que se funde sua origem com os primeiros contatos de
pessoas que lá chegaram, existem citações na teologia africana que Oduduwa era
Nimrod, o conquistador caldeu primo de Abraão e neto de Caim, que foi designado
por Olodumarè para levar a remissão e a palavra de Òlórrun (Deus) aos filhos de
Caim que, amaldiçoados, viviam na África.
Este fato data de 1850 A.C., sendo
que Caim pode ter vivido entre 2100 a 2300 A.C. – Orannian, neto de Oduduwa,
viveu em 1500 e seu filho Xangô por volta de 1400.
As coincidências existentes
nos rituais africanos, como a Kaballah hebraica, são imensas, e vem provar a
tese da estreita ligação entre Abraão, pai dos semitas, e Oduduwa, (Nimrod) pai
dos africanos. Isso pode ser constatado no relacionamento existente entre o
símbolo de um Elemental africano chamado Dan a serpente, e uma das 12 tribos de
Israel, cujo nome é Dan, e seu símbolo, a serpente telúrica. Citação que
faremos adiante na Teologia Iorubana que fala da criação da terra. De uma forma
básica, no Candomblé não existem “incorporações” de espíritos, pois os orixás,
de quem sentimos força e vibrações, são energias puras da natureza, que não
passaram pela vida, ou seja, não são “entidades”, mas elementais puros da
natureza, criados por Olórun.
No Candomblé a consulta é feita através da leitura
esotérico/divinatória do jogo de búzios (no Brasil), forma de leitura exclusiva
do povo candomblecista, que trataremos em capítulo próprio, e o tratamento para
cada caso, é feito com elementos da natureza, oriundos dos reinos vegetal,
animal e mineral, através e ebós, oferendas, Orôs (rezas) e rituais africanos.
A Umbanda por sua vez, sem qualquer demérito a quem a pratica, pois se levada
de uma forma séria e consciente tem seu mérito, valor e aplicação, é uma
religião brasileira, que advém do sincretismo católico-fetichista, necessário
em uma época de grande repressão das religiões africanas, em que era proibido o
culto dos orixás na sua forma de origem, e está adaptação se fez necessária, a
partir desta premissa, a Umbanda começou tomar corpo, com algum conhecimento de
alguns africanos no trato com seus ancestrais, que era comum a “incorporação”
de algum ente falecido, por um Elegun (aquele que é montado por) por motivos
familiares.
É muito comum nos dias de hoje, Ilês que praticam Candomblé e
Umbanda, porém em dias, horários e formas diferenciados, mas é uma atitude não
compactuada, bem como a utilização do sincretismo com os santos católicos,
pelas tradicionais Casas de Candomblé cujas raízes foram plantadas no Nordeste
do país, mais precisamente em Pernambuco e na Bahia.
A Umbanda por sua vez, a consulta é feita através
de um médium “incorporado”, e os “trabalhos” pelo espírito ali incorporado com
seus elementos rituais.
Umbanda é deste século, e utiliza os orixás do Candomblé, sob outra forma e outro aspecto, em especial, vou me ater a figura de Exú.
Na sua qualidade de
ser ambivalente, positivo e negativo, bem e mal, de uma forma definitiva, esta
situação de bem e mal, também está associado à todos os seres humanos, e nem
por isso, somos o diabo, ninguém é totalmente bom, 24 horas por dia, 360 dias
por ano, a sua vinda inteira; o inverso também é verdadeiro, convivemos com o
bem e o mal, porém Exú, na sua condição, só fará alguma coisa, se e somente se,
for mandado, portanto quem faz o mal na realidade é quem pede, e que pela
própria lei da natureza, pagará, pois segundo a lei mais certa que existe, a
lei do retorno
“Toda ação gera uma reação, com a mesma intensidade, em
sentido contrário”, quer dizer, tudo que vai, volta, a experiência nos comprova
isto, e geralmente, da forma que mais dói, no bolso ou na saúde (tarda mas não
falha); isso posto, em quem está a maldade?
Sem mandante, ela simplesmente não
existiria, e, mais uma vez EXÚ PAGA O PATO.
Em mais de vinte anos de pesquisa, e não foi pouca,
as maiores e melhores obras, dos maiores e melhores autores, sobre religiões
africanas, sejam brasileiros, ingleses, franceses, africanos, Babalorixás,
antropólogos, babalaôs, nunca li nada que se referisse à Exú mulher, ao
contrário, sua forma é fálica (forma de pênis), sempre no sentido de elemento fecunda
dor, fertilizador e nunca elemento fecundado, nunca houve qualquer simbolismo
ou ligação com uma “vagina”, em sua ambivalência, assume situações duplas, mas
nunca, macho e fêmea.
Tudo se inicia, com a palavra bombo gira, que é o nome
dado à Exú macho por excelência na nação de Angola, uma corruptela desta
palavra, utilizada somente pela Umbanda, gerou a expressão “pombo gira”, como
forma de um Exú mulher, em cuja manifestação, a pessoa, seja homem (homem?) ou
mulher.
Assume uma atitude sensual, atrevida e em alguns lugares, sob esta
manifestação, a prática do ato sexual em si; é muito comum, se a mulher tem
vontade, libido forte ou até mesmo por necessidade (a prostituição), é porque
uma pomba-gira está “encostada”, o que seria uma situação normal, natural; A
POMBA GIRA PAGA O PATO.
Qualquer incorporação, deste gênero, que se fale com as
pessoas, beba ou fume em público, não é Candomblé, é umbanda; a única
manifestação “semelhante” no Candomblé, é a figura do Ère, que, assim como o
orixá, é um Elemental da natureza, com uma conduta infantilizada, e que nunca
passou pela vida, portanto não é um Egun (espírito de morto), tem função
específica, uma delas, se comunicar pelo orixá, justamente pelo fato de que ele
não fala, que nos referimos como “estado de erê”, tal pessoa está com, ou de,
erê.
A incorporação, eu imagino, vem de necessidade do
ser humano (que é incrédulo por natureza), de crer e confiar, para crer, tem
que “ver” algo, no caso o espírito manifestado, falar com ele, ouvir coisas que
confirmem ser real (o que muitas vezes acontece), e para confiar, o consultor
não poderá se “lembrar” do que ouviu, como confidência, ou segredo, pois em
várias situações, estão envolvidos, conversas e pedidos escusos, se utilizando
assim da “inconsciência” relatada nas religiões africanas, a qual também a
coloco, em outro capítulo da forma como a vejo e sinto.
Falo muita propriedade
e experiência, pela vivência de muitos anos no meio, o objetivo não é em
momento algum, desmascarar quem quer que seja, muito menos denegrir, desmerecer
ou tirar o valor da Umbanda, pelo contrário, bem praticada e bem conduzida, tem
enorme valor e função social na comunidade, quer seja: na solução de problemas
de saúde, família, trabalho, amor…
Existe forte vibração de uma energia, no ato da
“incorporação”, variando muito de pessoa para pessoa, em muitos casos, com real
valor e força, porém, a inconsciência total … o único objetivo é a realidade,
que é benéfica para todos nós, a medida em que nada temos que esconder.
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