sábado, 27 de fevereiro de 2016

ITON IFÁ (LENDA DE IFÁ)

ITON IFÁ (LENDA DE IFÁ)


As lendas dizem que ÒRÚMÌLÁ foi nascido na cidade de ILÉ-IFÉ, no bairro de OKE IGETI.
O nome de seu pai era AGBONMIREGUN e de sua mãe era ALAJERU.

Em OKE IGETI, ÒRÙNMÌLÀ viveu sua infância, adolescência e já adulto se casou.
ÒRÙNMÌLÀ era tão inteligente e sábio que todas as pessoas frequentavam sua casa à procura de respostas e soluções para seus problemas.

ÒRÙNMÌLÀ demorou tanto tempo para ter filhos que seus inimigos debochavam dele por ele ter resolvido os problemas dos outros e não ter resolvido o seu, mas ele venceu seus inimigos, pois logo depois ÒRÙNMÌLÀ teve oito filhos.

Estes oito filhos formaram a família real das principais cidades dos Yorubás.
O primeiro filho a nascer foi ALARA, o rei da cidade de ARAS.
O segundo foi AJERO, o rei da cidade de IJERO.
O terceiro foi OLOYEMOYIN, o rei da cidade de OYE.
O quarto foi ALAKEJI, o rei da cidade de AKEGI.
O quinto foi ONTAGI-OLELE, o rei da cidade de ITAGI.
O sexto foi ELEJELUMOPE, o rei da cidade de IJELU.
O sétimo foi OWARANGUN-AGA, o rei da cidade de ILESHA.
O oitavo filho foi OLOWO, rei da cidade de OWO.
ÒRÙNMÌLÀ era uma pessoa que viajava muito para difundir os seus ensinamentos, por isso que cada um de seus oito filhos nasceu em cidades diferentes.
Para poder servir bem aos seus clientes.
ÒRÙNMÌLÀ contou com a ajuda de uma pessoa, que foi seu assistente, que se chamava ÒSANYÌN.
ÒRÙNMÌLÀ cuidava das consultas e jogos, mas era a OSANYÌN que ÒRÙNMÌLÀ mandava que fizesse os preparos para resolver os problemas dos clientes.
Nisto, ÒSANYÌN virou mestre das folhas, porque só ele era capaz de dizer que folha servia para resolver tal problema.
Assim ÒSANYÌN também veio a ser um ÒRÌSÀ após a sua morte.
ÒRÙNMÌLÀ sempre uma vez por ano celebrava um ritual em que ele fazia questão da presença de seus oito filhos.
Seus filhos levavam presentes para reverenciar o pai.
Em cada cidade que ÒRÙNMÌLÀ dominava ele deixava um filho para liderar.
Onde os filhos não assumiam, ÒRÙNMÌLÀ escolhia un dos seus discípulos para liderar, ele tinha muitos adeptos por onde passava.

Num desses rituais que ÒRÙNMÌLÀ sempre fazia com a família, todos os seus filhos vieram para reverenciar seu pai trazendo presentes, guando cada um deles chegava ao local do ritual dizia:
ABORUBOYE (que o ritual seja abençoado) e o pai ÒRÙNMÌLÀ respondia: ABO SISE ( o ritual sera aceito).
O OLOWO, o último filho, além de chegar atrasado, ele não reverenciou o ritual do pai.
Mais ainda, ele vestia o mesmo tipo de roupa de seu pai, simbolizando sua rejeição a autoridade de seu pai, mostrando sua superioridade perante seu pai.
Todos os outros filhos pousaram no chão (DOBALE) perante seu pai, mas OLOWO o último se recusava a dar DOBALE para seu pai.
ÒRÙNMÌLÀ tentava obigar OLOWO a respeita-lo, mas obedecia e disse:
Você, ÒRÙNMÌLÀ usa coroa
Eu, OLOWO, também uso coroa
Ninguém que usa coroa pousa no chão para outra
Você ÒRÙNMÌLÀ é um rei
Eu, OLOWO, também sou rei
Nenhum rei é maior que outro
O resultado destas palavras arrogantes foi mostrar a rejeição total da autoridade de ÒRÙNMÌLÀ sobre seu filho OLOWO.
ÒRÙNMÌLÀ irado tirou toda a autoridade e o símbolo de reinado que tinha dado ao OLOWO.
Como ÒRÙNMÌLÀ gostava de mostrar bom exemplo para seus sacerdotes e que a liderança começa dentro da própria família, ele não aceitou ter perdido a sua autoridade sobre seu próprio filho. Então ÒRÙNMÌLÀ optou em voltar para o Céu.
Chegando lá ele construiu sua casa embaixo de uma palmeira com dezesseis grandes folhas.
A terra após o regresso de ÒRÙNMÌLÀ para o Céu não foi mais a mesma, a desordem, confusão, peste, fome tomavam conta de tudo.
Isto aconteceu porque ÒRÙNMÌLÀ que era o símbolo do princípio de ordem, sabedoria, autoridade e continuidade da nova Terra já não estava mais aqui.
Quando não deu mais para suportar os sofrimentos aqui na terra, os habitantes da nova terra clamaram pela volta de ÒRÙNMÌLÀ , seus filhos foram obrigados a ir ao Céu para pedir e tentar convencer seu pai ÒRÙNMÌLÀ a voltar para a terra.
Quando seus oitos filhos chegaram ao Céu (Na época pela mitologia Yorubá não havia uma separação completa entre o Céu e a Terra, sendo assim então possível uma visita ao Céu), eles começaram a louvar ÒRÙNMÌLÀ com seu ORÍKÌ e pediram que ele voltasse para a terra com eles.
Mas ÒRÙNMÌLÀ se recusou a voltar a terra.
Então ÒRÙNMÌLÀ mandou que cada um de seus oito filhos abrisse as mãos e deu dezesseis nozes de palma para cada um deles e disse:
Quando vocês chegarem em casa
Se vices precisarem de dinheiro
São eles que vocês vão consultar
Quando vocês chegarem em casa
Se vocês quiserem se casar
São eles que vocês vão consultar
Quando vocês chegarem em casa
Se quiserem ter filhos
São eles que vocês vão consultar
Se é casa que vocês querem construir na terra,
São eles que vocês vão consultar
Se for bens que vocês querem ter na terra
Consultem eles
Todas as bondades que vocês desejarem
Consultem a eles
Não se faz nada na terra
Sem consultar primeiro a eles
Através destas dezesseis nozes
Ouvirei seus apelos e lhes direi o que fazer
ÒRÙNMÌLÀ colocou sua autoridade e sabedoria nas dezesseis nozes e assim nasceu a adivinhação de IFÁ.
Quando ÒRÙNMÌLÀ estava na terra era ele o elo de comunicação entre os seres na terra e OLODUMARE no céu.
Com seu regresso para o Céu e o nascimento das dezesseis nozes de IFÁ foi então criado um meio de comunicação intermediário entre o Céu e a Terra.
Os Yorubás nunca fazem nada sem antes consultar o IFÁ para saber se pode ou não fazer.
A nova ordem de comunicação entre os seres e as forças celestiais passou a ser então: os seres consultam o IFÁ para falar com ÒRÙNMÌLÀ, e ÒRÙNMÌLÀ então se comunica com as forças celestiais com os ÒRÌSÀS e o próprio ÒLÒDÙMÀRÈ

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