sábado, 27 de fevereiro de 2016

OBALUAÊ (REI DONO DA TERRA)

Omolú

OBALUAÊ (REI DONO DA TERRA)

OMULÚ (FILHO DO SENHOR)



Distinguiu-se aqui Obaluaê e Omolú, da seguinte forma: Obaluaê representa a força jovem, o início da vida; Omolú representa a força velha, ou seja, cansada pela vida.
O verdadeiro nome de Obaluaê ou Omolú é Xaponã ou Sakpatá, mas dentro do culto não se pronuncia tal nome, pois provoca a ira do Orixá.
Deus da varíola e das doenças contagiosas, este Orixá pune seus filhos sem piedade.
Todos os anos é realizado o Olubajé, no qual o Orixá presencia a cerimônia dançando, enquanto os filhos comem suas oferendas.
PERSONALIDADE: Masoquistas, vivem em movimento quando estão tranquilos ou tristes, inteligentes, ajudam àqueles que vão ao seu encontro, rancorosos e temperamentais.
METAL: Ferro ou chumbo
DIA: Segunda-feira
COR: Todas
ANIMAIS: Porco, galo e bode.
PAÓ: 5 batidas de palma acima, 5 abaixo e as 3 de reverência, seguindo-se o adobale.
FILIAÇÃO: Oxalá e Nanã.
SAUDAÇÃO: “Atoto (para Obaluaê) ” e “Ajuberu (para Omolú) ”.
OBS: Omolú traz vestimentas especiais, como o corpo coberto de palha e roupas estampadas. 
Traz na mão direita um objeto denominado xaxará.
Obaluaê ou Omolú (os nomes se referem a fases míticas, onde o mesmo deus seria mais jovem ou mais velho), é a energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de pele. 
Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra). 
A interface pele/ar.
A aparência das coisas estranhas e a relação com elas. Ele também rege as doenças transmissíveis em geral. No aspecto positivo, ele rege a cura, através da morte e do renascimento.
Diz o mito que Obaluaê é filho de Nana (a lama primordial de que foram feitas as cabeças - orishumanas) e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nana seduziu Oxalá mesmo sabendo que lhe era interditado por ser ele o marido de Iemanjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. 
No entanto Obaluaê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas.
Não se via de Obaluaê senão suas pernas e braços, onde não foram tão atingidos. 
Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaê, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. 
Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada.
Obaluaê, triste e angustiado saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas.
Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola, os homens doentes. 
Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaluaê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. 
Foi quando Obaluaê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer fosse, tivesse a aparência que tivesse. 
E seguiu seu caminho.
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. 
Neste momento Iansã, a deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade E dançou com ele pela noite adentro. 
A partir deste dia, Obaluaê e Iansã-Balé se uniram contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando desgraças aconteçam aos homens.
Os iorubas acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas principalmente que é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar após um violento sofrimento.
Obaluaê rege também a força da terra (herdado de sua filiação a Nanã). A umidade dela (por sua adoção por Iemanjá) e as doenças das plantações.
Número: 13
Cor: preto, vermelho e branco
Símbolo: xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas e segredos dentro)
Dia da semana: segunda-feira
Comida: pipoca
Saudação: Atotô!
OBALUAIÊ (“rei", "senhor da terra")
Deus originário do Daomé. Obaluaê é uma flexão dos termos Obá (rei) - Oluwô (senhor) - Ayiê (terra),
"rei, senhor da terra". Omolú também é uma flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que quer dizer "filho e senhor". Obaluaê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omolú, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. 
Porém, ambos têm a mesma regência e influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.
Obaluaê é o sol, a quentura e o calor do astro rei, é o senhor das pestes, das doenças contagiosas ou não. 
É o rei da terra, do interior da terra, e é o orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa), porque para os humanos é proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a esse poderosíssimo orixá. Está no funcionamento do organismo, na dor que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. 
A ele devemos a nossa saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias.
Divide com Oia-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele espírito. Obaluaê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior, para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã.
Obaluaê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. 
Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. 
É o orixá da misericórdia. Rege a má digestão, a congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.
Filho de Nanã, que o abandonou por ser doente, foi criado por Iemanjá. Orixá fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações por sua importância. Conta-se que, abandonado por Nanã, foi cuidado por Iemanjá que o alimentava com pipoca sem sal acrescida de mel para melhorar o gosto, e passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e coceira.
OMOLÚ- OBALUAIYÉ
OBA + OLU + AIYE = OBALUAIYE
REI + SENHOR + MUNDO = REI E SENHOR DO MUNDO
OMO + OLU = OMOLU
FILHO + SENHOR = FILHO DO SENHOR
Orixás consagrados na África, onde há grandes endemias e epidemias. São Deuses da desintegração, mostram as faces da existência e a vida, dizendo que todos nós temos princípio, meio e fim, daí a sua dança no OPANIJÉ mostrando o céu e a terra. 
Aqui, no Brasil, Omolú/Obaluaê são velhos e decrépitos, contrapondo-se a concepção africana. 
Esses Orixás representam a transformação, estão ligados ao sol, ao acaso, a noite e o dia, ao princípio e o fim, ao movimento de rotação e translação da Terra e estão associados as endemias e epidemias.
Tem como companheiros inseparáveis Ògún e Exú devendo por isso ser cultuado em lugar destinado a Exu, fato este que explica também ser sua morada as encruzilhadas.
As doenças como: disenteria constante, infecção estomacal, perda vertiginosa dos cabelos, vômitos, erisipela, pústulas, furúnculos, escorbuto, inchaços, alguns problemas circulatórios, coceiras, sarampo, catapora, rubéola, lepra, coqueluche e alergias em geral são associadas a Omolú/Obaluaê.
Coberto dos pés à cabeça, para esconder sua aparência esquálida e ferida, Omolú inspira medo em quem o vê. Uma espécie de varíola e das doenças e epidemias. Fechando e circunspecto, vive curvado por dores e tremores de febre. 
Usa como arma o Xaxará, um cetro adornado em contas e búzios que serve como captador de energias negativas. Limpando almas e ambientes.
Os raros filhos de Omolú são tensos, sábios e tristes. Costumam ser consultados para decisões importantes e, não raro, vivem solitários. Ocupam importantes cargos públicos e burocráticos, mas sentem que o bom humor não é seu forte. Omolú come pipoca, feijão preto, milho e farofa com dendê, servido em folhas de mamona ou bananeira. 
Apesar de intimamente ligado à morte, Omolú cura doenças, pois anda abarrotado de cabaças medicinais.
O colar que o simboliza é o ladgiba, cujas contas são feitas de sementes existentes dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas. 
Usa também bradga, um colar longo de cauris. Obaluaê é o patrono dos cauris e do conjunto de 16 búzios, que reina do instrumento ao sistema oracular: o berendilogun, que lhe pertence.
Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério das gênesis). Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó.
Obaluaê mede a riqueza com cântaros, mas o povo esqueceu-se de sua riqueza e só se lembra dele como o Orixá da moléstia.
A SUA FESTA “OLUBAJE”
Diz a lenda que no princípio do mundo houve uma grandiosa festa em que todos os Orixás se fizeram representar com toda a sua corte, tudo engalanado muita alegria e muita gente presente ao evento. 
O candomblé prosseguia com muita empolgação e quando chegou dentro do XIRE a hora de louvar a grande Yaba Nana Buruque do meio do povo saiu um Orixá, um Vodu que caminhava todo tortinho e com dificuldade, entrou no barracão e com aquele jeito todo esquisito e foi dançar para sua Mãe Nana, acontece que por ser aleijado, deformado seus passos eram trôpegos.
Originando daí por parte dos outros Orixás uma verdadeira Xoxação criando o ridículo para aquele Orixá que acabara de chegar. Triste ele acabou de dançar para sua mãe e magoado com aquela falta de respeito e ele, antes de se retirar passou a mão em todas as suas chagas, soprou para cima de todos eles a varíola contagiante que deixou os Orixás naquele instante doentes e o candomblé acabou, e uma verdadeira praga foi disseminada e em todo o mundo principalmente em cima de quem compartilhou daquelas ofensas.
Os Orixás em desespero foram procurar IFÁ o Deus da adivinhação para que os orientassem sobre o que fazer para acabar com aquela epidemia, Yfá jogou o seu Opele Yfá e respondeu a eles que eles tinham agravado seriamente XAPANÃ, aquele velhinho que tinha sido Xoxado naquele candomblé, quando resolveu dançar para sua Mãe Nana, e por isso eles estavam sendo seriamente castigados. 
E disse mais que eles deveriam fazer uma romaria à casa de Xapanã com todas as suas comidas votivas em suas cabeças e em círculo em volta de sua casa fossem depositando e entre cânticos e rezas, pedissem perdão a Xapanã.
Xangô não levou Amalá, porém como era o dono de todos os Cauris (búzios) deu-os de presente a Xapanã tornando-o rico muito rico e assim ele pedira também perdão a Xapanã.
Os Orixás à medida que iam arriando as comidas votivas cantavam “OBUBAJE AJE- UMBO AYE
AJEUMBO” todos em fila e Xapanã emocionado pegou suas flores o “deburu” e jogou em cima deles cantando a seguinte cantiga XAXARÁ BALEFUN AWO BALE BALE e na medida em que iam caindo as flores D’Omolú em seus corpos as suas chagas e varíolas iam sumindo ficando bons totalmente.
Essa e a história da festa linda D’Obaluaê que traz em seu bojo o ensinamento de que não devemos debochar de ninguém.
Por uma questão de sincretismo, no Brasil esta obrigação normalmente é realizada nos meses de agosto, ocasião que vemos nas ruas as Yaos com seus tabuleiros na cabeça, visitando sete casas na chamada peregrinação até o dia do candomblé em suas casas.
QUALIDADES
KETÚ:
JAGUN: 
Quando vem ao barracão, é Oxaguiã quem o traz.
AJAGUN: 
Essa qualidade é trazida ao barracão pelo Oxalufã.
AYERAN: 
Sai, no barracão, com uma seta na mão esquerda e o Xaxará na mão direita.
INTOTO: 
Ligado a gameleira e aos antepassados, seu assentamento é feito no barro.
ALAPAFUMO: 
Encontra-se, seu culto, em extinção, seu deburu é feito na terra e depois amassado.
ARAWE: 
Só come galos brancos.
AJASE: 
Associado a Ògún e Oyá, é guerreiro e usa dois xaxarás.
SAPEKO: 
Veste-se de vermelho – palha da costa tinturada com Osun ou urucum, calçolão ornado em búzios.
AJUNSUN: 
Associado a Oxumaré e Orinsanlá, só come orogbo e no cuscuzeiro tem 7 setas e 2 cobras amarradas ao okutá.
WARU-WARU: 
Velho.
AFOMAN: 
Nem sempre é reconhecido como qualidade.
AKAVAN: 
Relacionados ao cemitério – culto em extinção.
JEJE:
SAKPATA: 
Saí, no barracão, com o KUMON (haste feita de bambu, ornada com búzios, crânio humano, untado com cera de abelha e palha da costa). Tem dois assentamentos, um é enterrado em frente à casa de Exu envolto em pano preto e vermelho, a cada 7 anos é renovado. Come ao meio dia, em céu aberto, além de quadrúpedes, come também camaleão com crista.
AWIMAJE: 
Quando saí no barracão, usa um Xaxará, como o desenho descreve:
AZOANI: 
Duas cabacinhas e 41 búzios no assentamento.
BOZORAN:
Acompanha Nana e Oxumaré.
POSU (BOSUKO):
Usa máscara leonina e garras de bambu.
ANGOLA:
KAFUNJENESU:
KAFUNJE:
KAFUNJINÃ:
BURUGUNÇO:
EKITATI:
KAVIUNGO:
KANJANJA:
COR:
Preto (preto/branco), vermelho (marrom/vermelho), branco (vermelho caboclo).
COMIDA:
-Deburu (para Sakpatá é no dendê).
-Eko branco.
-Acaçá.
-Obi funfun.
-Aberém.
-Abará.
-Acarajé.
-Farofa de ori.
-Latipá (folha de: mostrada, língua de vaca, espinafre, caruru, bredo St° Antônio, acrescentar: dendê, camarão seco e cebola ralada).
-Miolo de boi com camarão seco e cebola ralada.
-Mocotó.
-Egbo.
DIA DA SEMANA:
Segunda-feira.
DATA:
13 ou 16 de agosto.
FRUTAS:
Abacaxi, fruta-do-conde, graviola, abacate, gengibre.
FOLHAS:
Dandá da costa
Canela de macaco
Raiz de santa
Folha de cambará
Cordão de frade
Vassourinha de relógio
Saco-saco
Mal-me-quer-bravo
Alfavaquinha
Folha de batata
Crista de galo
Folha de São Roque
Carrapicho de boi
Taioba
Canela de velho
Mil homens
BEBIDAS:
Aluá, água.
ILEKÉ:
Lagidibá (pode ser entremeado com terracota ou coral).
METAL:
Ferro/bronze.
PARTE DO CORPO:
A pele e os pulmões.
SÍMBOLO:
-Aso Iko (Aze).
-Xaxará (talos do dendezeiro, contas, palha da costa e couro).
-Oko (lanças com setas).
-Búzios.
-Xaworo.
-Igba.
SACERDOTE:
ASEGBA:
Senhor do Igba (cargo masculino)
ASOGBA:
Cargo no Ilê Axé Opo Afonjá.
ASOGBANILE:
Concertador de cabaças.
APOTUN:
Zelador de Omolú, somente nos terreiros de Omolú.
APOGAN:
Idem.
CARGOS:
Qualquer um, menos os relacionados a Xangô.
TOQUE:
Opanijé (mata-come)
PRINCIPAL CERIMÔNIA:
OLUBAJÉ: Comidas na folha de mamona ou couve
KOLEODO:
Folhas de trepadeira maceradas, no pilão, com epo pipa, são passadas no corpo da pessoa ao meio dia.
SAUDAÇÃO: A TO TO
A TO TO (pedido de silêncio)
Xapanã nasceu em Empê, no território Tapá, também chamado, Nupê.
Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo.
Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste.
Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê.
Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: "Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá!
É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca!
Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"
Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no:
"Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!"
"Respeito e Submissão!"
Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "Está bem! Eu os pouparei!
Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!"
Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.
Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem também o poder de curar.
As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal. Seu verdadeiro nome é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaê, o "Rei, Senhor da Terra" ou Omolú, o "Filho do Senhor".
Quando Xapanã se instalou entre os Mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de Sapatá. Aí, também, era preferível chamá-lo Ainon, o "Senhor da Terra", ou, então, Jeholú, o "Senhor das pérolas".
O fato de ser chamado Jeholú e Ainon causou mal-entendidos entre Sapatá e os reis do Daomé, pois eles também usavam estes títulos.
Enciumados, os Jeholú de Abomey expulsaram, várias vezes, Jeholú Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos Mahis.
Jeholú Ainon vingou-se: vários reis daomeanos morreram de varíola!
Atotô!
ARQUÉTIPO
O arquétipo de Obaluaê é das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranquila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
ESSABAS:
Taioba - Bala
Capeba - Já
Folha da costa
Canela de velho
Picão
Erva de bicho
Velame
Manjericão Roxo
Barba de velho
Umbaúba
Carqueja
Jurubeba
Parietária - brotozinho –
Monam
Cajá – Jamin
Mutamba – Aferé
Rama de leite – Obó
Ovo redondo de Monan –
Exibatá
Jarrinha – Jacomijé
Erva de passarinho – Afaziam
Folha de neve branca – Turim
Mariazinha – Peculé
Papinho de peru – Tolu-tolu
OMOLU
AGAPANTO; ALAMANDA; AGONIADA; ALFAZEMA DE CABOCLO;
ALFAVACA ROXA; ALUMÃ; ASSA-PEIXE; JENIPAPO; MOLOLÔ; MUSGO;
QUITOCO; RABUJO; SABUGUEIRO; SETE SANGRIAS; PAINEIRA;
MAMONA; MANJERONA; CANELA DE VELHO; CAFÉ DO MATO; CANENA
COIRANA; CAROBINHA DO CAMPO; CAPIXINGUI; CEBOLA DO MATO;
CIPÓ CHUMBO; ERVA MOURA; CORDÃO DE FRADE; CORDÃO DE SÃO
FRANCISCO; ERVA DE PASSARINHO; ESPINHEIRA SANTA; VELAME;
HORTELÃ BRAVA; GUARAREMA; GERVÃO ROXO; CRIZANTEMO; BABA DE
BOI; BABOSA; BELDROEGA VERMELHA; BOMINA;
OMULU (OMBALUAIE)
Locais de maior vibração dos orixás
Grutas, praias, cemitérios
As cores e flores que são regidas pelos orixás:
Vermelha (Cravos)
As bebidas que são regidas pelos orixás:
Água de arroz
Frutos e Frutas Abacaxi.
Algumas das comidas mais comuns oferecidas aos Orixás:
Milho de pipoca estourado (flores), com fatias de coco com mel.
Mencionarei aqui as ervas mais conhecidas no Rio de Janeiro:
Canela Velho, Barba de Velho, Cinco Chagas, Cordão de Frade (São Francisco).
Os Orixás normalmente trazem em seus filhos suas características físicas e de caráter.
Assim podemos dizer que os filhos de:
São pessoas reservadas, até um certo ponto pessimistas, batalhadores, mentalidade autodestrutiva, na maioria de vezes trazem pequenos defeitos físicos quase não percebidos.
Os Orixás têm suas preferências também quanto aos metais. O ferro.
QUALIDADES DE OBALUAIÊ:
1. Jagun Agbagba (ligação com Oyá)
2. Omolú
3. Obaluaê
4. Soponna/Sapata/Sakpatá
5. Afoman/Akavan/Kavungo (ligação com Exú)
Afomo; contagiante, infeccioso
6. Savalu/Sapekó (ligação com Nana)
7. Dasa
8. Arinwarun (wariwaru) título de xapanan
9. Azonsu/Ajansu/Ajunsu (ligação com Oxalá, Oxumaré)
10. Azoani (ligação com Yemanjá e Oyá)
11. Posun/Posuru
12. Agoro
13. Tetu/Etetu
14. Topodun
15. Paru
16. Arawe/Arapaná (ligação com Oyá)
17. Ajoji/Ajagun (ligação com Ogun, Oxaguian)
18. Avimaje/Ajiuziun (ligação com Nana, Ossain)
19. Ahoye
20. Aruaje
21. Ahosuji/Segí (Ligação com Yemanjá, Oxumaré/Besén)
LENDA DE OMULÚ:
Um dia, em que todos os Orixás reunidos no palácio de Obatalá dançavam e se divertiam, Omolú tentou imita-los. Mas este Orixá é coxo, e devido à sua enfermidade, tropeçou e caiu. Deuses e Deusas romperam em ruidosa gargalhada.
Furioso, Omolú jurou vingar-se e tentou infestar a todos os Deuses com a varíola. Interveio Obatalá que, de espada em punho, deitou Omolú à porta do palácio e proibiu-lhe, dali por diante, de estar junto com os outros Deuses.
LENDA DE OBALUAYE – OMULU
Nanã, esposa de Orixalá, gerou e deu à luz a um filho. Sua criação não foi perfeita, nascendo uma criança doente, com muitas chagas recobrindo seu pequeno corpo. Ela não conseguia imaginar que maldição era aquela, que trouxe de suas entranhas uma criatura tão infeliz!
Sentindo-se impossibilitada de cuidar daquela criança, pois mal conseguia olhar para ela, resolveu deixá-la perto do mar. Se a morte a levasse seria melhor para todos.
Yemonjá, que estava saindo do mar, viu aquele pequeno ser deitado nas areias da praia. Ficou olhando por algum tempo, para ver se havia alguém tomando conta dele, mas ninguém aparecia.
Então, a grande divindade das águas foi ver o que estava acontecendo. Quando chegou mais perto, pôde compreender que aquela criança tinha sido abandonada por estar gravemente enferma. Sentindo uma imensa compaixão por aquela pobre criatura, não pensou em mais nada, a não ser em adotá-lo como a um filho.
Com seu grande instinto maternal, Yemonjá dispensou a ele todo o carinho e os cuidados necessários para livrá-lo da doença. Ela envolveu todo o corpo do menino com palhas, para que sua pele pudesse respirar e, assim, fechar as chagas.
Obaluaê cresceu e continuou usando aquele tipo de roupa, e ninguém, a não ser sua querida mãe, tinha visto seu rosto. Era um ser austero e misterioso, provocando olhares curiosos e assustados de todos. Ninguém conseguia imaginar o que se escondia sob aquelas palhas.
Oyá, certa vez, o encarou, pedindo que descobrisse seu rosto, pois queria desvendar, de uma vez por todas, aquele mistério. Obaluaê, sem lhe dar a menor atenção, negou-se a fazê-lo. Ela, que nunca se deu por vencida, resolveu enfrentá-lo. Usando toda sua força, evocou o vento, fazendo voar as palhas que o protegiam.
Quando a poeira assentou, Oyá pode ver um ser de uma beleza tão radiante, que só poderia ser comparado ao sol. Nem mesmo ela, como orixá, conseguia erguer os olhos para ele.
Assim, todos entenderam que aquele mistério deveria continuar escondido.
Uma outra lenda nos mostra que esse poderoso orixá, em suas andanças pelo mundo, pode presenciar o desenrolar de muitas guerras. Os povos que Olorum criou e deu vida brigavam por um pedaço de terra. Muitas pessoas morriam, para que seus líderes pudessem conquistar extensões maiores para seu reinado. Os limites, para esses guerreiros, eram insuperáveis, e as guerras não tinham mais fim. Obaluaê não entendia o motivo destas guerras, já que Olorum havia criado a terra para todos.
As lutas traziam muita dor e destruição, e ninguém mais sabia dar o devido valor à vida humana. Os homens só pensavam em seus interesses materiais.
Obaluaê, indignado com essa situação, resolveu mostrar a eles que a vida é o maior tesouro que alguém pode ter.
O poderoso orixá traçou, então, com seu cajado, um grande círculo no chão, no centro dos conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doença existente. Todo guerreiro, que por ali passasse, iria contrair algum tipo de doença.
De fato, foi o que aconteceu. Muitas pessoas adoeceram, inclusive os líderes dos exércitos. Só isso conseguiu pôr fim às guerras.
As doenças se transformaram em epidemias, deixando populações inteiras à beira da morte.
Um babalawô revelou o mau presságio, pedindo a todos que refletissem sobre o que estava acontecendo, por culpa deles próprios. Obaluaê havia mandado essas mazelas para a terra, a fim de mostrar que, enquanto temos saúde e uma vida plena, não devemos nos preocupar excessivamente com coisas materiais. Desta vida nada se leva, a não ser o conhecimento e a experiência que acumulamos.
Assim, os que aceitaram esses desígnios e fizeram oferendas, conforme explicou o babalawô, conseguiram livrar-se de suas enfermidades e restabelecer sua dignidade. Mas, infelizmente, nem todos agiram assim.
Talvez, por isso, existem tantos povos africanos vivendo do mesmo jeito há milhares de anos, tentando não se desligar da natureza.

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