IFÁ
Origens
Não é propriamente uma divindade (orixá), é o porta-voz de Orunmilá e dos outros orixás. Orunmilá, muitas vezes é designado
como Orixá do destino na cultura africana Yorubá.
O sistema pertence às religiões tradicionais africanas mas também é praticado entre os adeptos do Lukumí de Cuba através da Regla de Ocha; do candomblé no Brasil através do Culto de Ifá; e de similares transplantados para o Novo Mundo.
Os Oluwos ou Babalawos, são a autoridade máxima do Sistema Religioso Yoruba,
responsáveis pela transferência do axé durante a iniciação de novos babalawos
após um longo período de aprendizado.[2]
*Nota:esta é somente uma versão da ordem, e
pode mudar dependendo da região
Objeto sagrado de
Orumila Ifa.
O culto do vodun
Fa é originário de Ile Ifè, e chegou ao antigo Dahomey pelas mãos de sacerdotes imigrados do
território yorubá[3]já a partir do século XVII, mas sua instalação
oficial como uma das divindades reconhecidas pelo rei de Abomey teria se dado ou através do babalawo Adéléèyé, deIle Ifè que
chegou a Abomey no reinado de Agadjá (1708-1732) , junto com outros (Gongon, Abikobi, Ato e Gbélò),
ou pela princesa Nà Hwanjele, mãe do rei Tegbessu (1732-1775), que era de
origem ioruba.
Os sacerdotes de Fá são chamados em fon de bokonon,
o correspondente a babalawo dos yoruba. O bokonon da corte de
Abomey é um dos
dignitários do rei reconhecido na categoria de príncipe e está entre os poucos
autorizados a vestir djelaba em público e a permanecer com a cabeça coberta
diante do rei e da rainha-mãe.
Métodos utilizados
O Babalawo (pai que possui o segredo) é o sacerdote do Culto de
Ifá. Ele é o
responsável pelos rituais e iniciações: todos no culto dependem de sua orientação e nada
pode escapar de seu controle.
Por garantia, ele dispõe de três métodos
diferentes de consultar o oráculo e, por intermédio deles, interpretar os
desejos e determinações dos orixás
Opon-Ifá
Opon-Ifá,
tábua sagrada feita de madeira e
esculpida em diversos formatos, redonda [2],
retangular, quadrada, oval,[3] utilizada
para marcar os sígnos dos Odús (obtidos
com o jogo de Ikins)
sobre um pó chamado Ierosum. Método divinatório do Culto
de Ifá utilizado
pelos babalawos.
Irofá ou Iroke Ifá é o instrumento utilizado pelo babalawo durante o jogo de Ikin, com o qual bate na tábua Opon-Ifá com a finalidade de chamar a atenção
de Odu para si, entre outras coisas.
Irofá ou Iroke Ifá
Jogo de Opele
Opele Ifá
O Òpelè-Ifá ou rosário de
Ifá é um colar aberto composto de um fio trançado de palha da costa ou fio de algodão, que tem, pendentes, oito metades de fava de opele.
É um instrumento divinatório dos tradicionais
sacerdotes de Ifá.
Existem outros modelos mais modernos de Opele-Ifá,
feitos com correntes de metal intercaladas com vários tipos de sementes, moedas
ou pedras semipreciosas.[4][5]
O jogo de Opele-Ifá é o mais
praticado por ser a forma mais rápida, pois a pessoa não necessita perguntar em
voz alta, o que permite o resguardo de sua privacidade, também de uso exclusivo
dos Babalawos, com um único lançamento do rosário divinatório
aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas,
formam o odu.
Jogo de Ikins
Jogo de Ikin
O Jogo de Ikin é utilizado em
cerimônias relevantes de forma obrigatória, ou igualmente de modo usual, vai de
cada Babalawo o seu uso, sendo uso restrito e exclusivo dos mesmos babalawo.
O jogo compõe-se de 16 nozes de um tipo especial de
dendezeiro Ikin, são manipuladas
pelo babalawo com a finalidade de se configurar o signo do odu
a ser interpretado e transmitido ao consulente.
São colocados na palma da mão esquerda, e com a mão
direita rapidamente o babalawo tenta retirá-los de uma vez com
um tapa na mão oposta, no intuito de se obter um número par ou ímpar de ikins em
sua mão.
Caso não sobre nenhum ikin na mão
esquerda, a jogada é nula e deve ser repetida.
Ao restar um número par ou ímpar de ikins em
sua mão, se fará dois ou um traço da composição do signo do odu que será
revelado polo sistema oracular.
A determinação do Odú é a quantidade de Ikin que sobrou na
mão esquerda.
O mesmo será transcrito para o Opon Ifá sobre o
pó do Iyerossún que deve ser riscado sobre o Iyerossún que está
espalhado no Opon-Ifa, para um risco usa o dedo médio da mão direita e
para dois riscos usa dois dedos o anular e o médio da mão direita.
Deverá repetir a operação quantas vezes forem
necessárias até obter duas colunas paralelas riscadas da direita para a
esquerda com quatro sinais, formando assim a configuração do signo de Odu.
Oráculo
O oráculo[4] consiste em um grupo de cocos de dendezeiro ou Búzios, ou réplicas destes, que são lançados para criar dados binários, dependendo se eles caem com a face para cima ou para baixo.
Os cocos são manipulados entre as mãos do adivinho,
e, no final, são contados, para determinar aleatoriamente se uma certa
quantidade deles foi retida.
As conchas ou as réplicas são frequentemente atadas
em uma corrente divinatória, quatro de cada lado.
Quatro caídas ou búzios fazem um dos dezesseis
padrões básicos (um odu, na língua ioruba); dois de cada um destes se combinam para criar um conjunto total de
256 odus.
Cada um destes odus é associado com um repertório
tradicional de versos (Itan), frequentemente relacionados à mitologia ioruba, que explica seu significado divinatório.
O sistema é consagrado ao orixá Orunmila-Ifa, orixá da profecia, e a Exu, que, como o mensageiro dos orixás, confere autoridade ao oráculo.
O sistema inteiro traz uma semelhança com os
sistemas ocidentais de geomancia.
A geomancia ocidental é um empréstimo de um sistema
criado pelos Árabes e trazida para o norte da África, onde foi
aprendida pelos europeus durante as Cruzadas.
Muito embora possua um número diferente de
símbolos, o sistema carrega também alguma semelhança com sistema chinês do I Ching.
Odu
Existem dezesseis Odu maiores no "Odù Ifá literary
corpus" ('livros').
Quando combinados, existem um total de 256 Odu
acreditando referir-se todas as situações, circunstâncias, ações e
consequências na vida.
Estes constituem a base do conhecimento tradicional
yoruba espiritual e são a base de todos os sistemas de adivinhação yoruba.
Onde (I) é uma conta ímpar ou um resultado de
"cabeça", e (II) é uma conta par ou até mesmo um resultado
"enfraquecido", os dezesseis padrões básicos e seus nomes yoruba
figuram na barra abaixo (observe esta é apenas uma forma de ordená-los, isso
muda dependendo da área na Nigéria, ou da diáspora.
Uma outra forma utilizada em Ibadan, e Cuba é: Ejiogbe, Oyekun
meji, Iwori Meji, Idi Meji, Irosun Meji, Oworin Meji, Obara Meji, Okanran Meji,
Ogunda Meji, Osa Meji, Ika Meji, Oturupon Meji, Otura Meji, Irete Meji, Oshe
Meji, Ofun Meji. Heepa Odu!
Isto é importante notar como ele muda o desfecho
de certas partes da leitura).
Odu é um conceito do Culto de Ifá mas também usado
no candomblé, interpretado no merindilogun, na caida de
búzios.
Cada Homem (Ser) possui o seu destino, hora com passagem
que se assemelham a de outros mas sempre com alguma particularidade.
Isso é melhor compreendido com o estudo do Odu, pois odu
é o destino de cada um.
Para esse estudo são usadas diversas técnicas ou
métodos oraculares, como por exemplo: o [Merindilogun], o opele-Ifá, o Ikin,etc.
O Culto de Ifá por costume é
feito por homens, chamados Babalawô, diferente dos
cultos realizados no Candomblé que são praticados
por homens Babalorixá e mulheres Iyalorixá.
Nos tempos mais antigos, como até os tempos mais
modernos, no continente de origem (África), quando alguém
quer cuidar de seu Orixá procura um
Babalorixá ou Iyalorixá, mas quando é para tratar de seu equilíbrio enquanto Ser, procura um Babalawô que o
fará pelos caminhos de Odu.
A consulta através dos Odus pode ser interpretado pelo Oráculo de Ifá, com os Odu Meji (duplos destinos ou
repetidos duas vezes) são em número de 16 e conhecidos como Odu Originais ou
Principais.
A arte da adivinhação já era praticada no antigo Egito, na Índia milenar, na Grécia, terra de Oráculos e pitonisas, no Sinai, além de muitas
outras terras que foram berço de nossa civilização.
Os árabes sabiam ler o
destino nas areias, os chineses na folha de chá, povos nômades, como os ciganos, nos legaram a quiromancia (leitura das mãos)."
Cada pessoa tem o seu caminho revelado por Ifá através do
Odu.
A forma de lançar os búzios possibilita 256
combinações ou figuras, e para cada uma delas existem versos (itans) que são
decorados pelo babalawô.
O sistema, hereditário, exige longo aprendizado e provas.
Os 16 Odus (Destinos) Originais ou Principais
Os 16 Odu originais ou principais, seus nomes,
representação em Ifá, ordem de chegada no Àiyé (Terra) e ordem de caída para
consulta ao Oráculo.
16 Odús principais
|
||||
Nome
|
1
|
2
|
3
|
4
|
Ogbe
|
I
|
I
|
I
|
I
|
Oyẹku
|
II
|
II
|
II
|
II
|
Iwori
|
II
|
I
|
I
|
II
|
Odi
|
I
|
II
|
II
|
I
|
Ọbara
|
I
|
II
|
II
|
II
|
Ọkanran
|
II
|
II
|
II
|
I
|
Irosun
|
I
|
I
|
II
|
II
|
Iwọnrin
|
II
|
II
|
I
|
I
|
Ogunda
|
I
|
I
|
I
|
II
|
Ọsa
|
II
|
I
|
I
|
I
|
Irẹtẹ
|
I
|
I
|
II
|
I
|
Otura
|
I
|
II
|
I
|
I
|
Oturupọn
|
II
|
II
|
I
|
II
|
Ika
|
II
|
I
|
II
|
II
|
Ọsẹ
|
I
|
II
|
I
|
II
|
Ofun
|
II
|
I
|
II
|
I
|
16 Afa-du principais
(Yeveh Vodoun) |
||||
Nome
|
1
|
2
|
3
|
4
|
Gbe-Meji
|
I
|
I
|
I
|
I
|
Yeku-Meji
|
II
|
II
|
II
|
II
|
Woli-Meji
|
II
|
I
|
I
|
II
|
Di-Meji
|
I
|
II
|
II
|
I
|
Abla-Meji
|
I
|
II
|
II
|
II
|
Akla-Meji
|
II
|
II
|
II
|
I
|
Loso-Meji
|
I
|
I
|
II
|
II
|
Wele-Meji
|
II
|
II
|
I
|
I
|
Guda-Meji
|
I
|
I
|
I
|
II
|
Sa-Meji
|
II
|
I
|
I
|
I
|
Lete-Meji
|
I
|
I
|
II
|
I
|
Tula-Meji
|
I
|
II
|
I
|
I
|
Turukpe-Meji
|
II
|
II
|
I
|
II
|
ka-Maji
|
II
|
I
|
II
|
II
|
Ce-Meji
|
I
|
II
|
I
|
II
|
Fu-Meji
|
II
|
I
|
II
|
I
|
Cada odù é formado por um conjunto
constituído por duas colunas verticais e paralelas de quatro índices cada.
Cada um desses índices compõem-se de um traço
vertical ou de dois traços verticais paralelos que o babalawo traça
no pó (iyerosun) espalhado sobre um tabuleiro de madeira esculpida (Opon-Ifá)
à medida em que vai extraindo os resultados pela manipulação dos cocos de dendezeiro
ou ikin-ifá.
O babalawo detecta esse odù manipulando caroços de
dendê (Ikin) ou jogando o rosário de Ifá chamado (Opele-Ifa).
Existem 256 odù, correspondendo cada um
a uma série de lendas (Itan).
Não existe uma receita para fazer: não se tem uma
lista de coisas para que esse Odú seja revelado, tudo depende
da pessoa.
Cada pessoa possui um destino próprio, assim como o
Etutu (ebó) que se define no jogo.
Quem vem de um sistema de jogo de búzios,
precisa mudar tudo que viu e aprendeu para
que Ifá possa fazer parte da sua
vida.
Caída
de Búzios
Opon Meridilogun
1. Um búzio aberto - Okaran
2. Dois búzios abertos - Ejiokô
4. Quatro búzios abertos - Irosun
5. Cinco búzios abertos - Ôxê
6. Seis búzios abertos - Obará
7. Sete búzios abertos - Ôdi
8. Oito búzios abertos - Êjioníle
9. Nove búzios abertos - Ossá
10. Dez búzios abertos
- Ôfun
11. Onze búzios
abertos - Ôwarin
12. Doze búzios
abertos - Êjilaxeborá
13. Treze búzios
abertos - Êjilobon
14. Quatorze búzios
abertos - Iká
15. Quinze búzios
abertos - Obéogundá
16. Dezesseis búzios
abertos - Êjibé
Cada pessoa tem o
seu odu.
O sistema, geomântico, usa 16 conchas,
ou grãos, ou cocos, conforme a região.
A forma de lançar os búzios possibilita 256 combinações ou figuras, e
para cada uma delas existem versos que são decorados pelo babalawô.
O sistema,
hereditário, exige longo aprendizado e provas.
Patrimônio Oral e
Imaterial da Humanidade.
Da Nigéria, são dois os oráculos listados
como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade: o Gelede, que também é
praticado no Benim e no Togo, e o Ifá.[5]
Na África
O orixá Orumilá é também chamado de Ifá, ou Orunmila-Ifa e também é denominado frequentemente Agbonmiregun ("Aquele
que é mais eficaz do que qualquer remédio").
Em caso de dúvida, Ifá é consultado pelas pessoas
que precisam de uma decisão, que queiram saber sobre casamentos, viagens,
negócios importantes, doenças, ou por motivo religioso.
Para os iorubas, o sacerdote é o babalawo e entre os Fons e Ewes recebe a designação
de bokonon, e o sistema de adivinhação é o mesmo.
O babalawo (pai do segredo) recebe as indicações
para as respostas através dos signos (odù) de Ifá.
Na Bahia
O Ifá na Bahia vem sendo representado pela Yanifá Ifádáyìísi
Ifatóun Ajobi Agboola, a primeira mulher iniciada ao culto na Bahia; pelo Oluwo
Ifagbaiyin, da família Agboola, possuindo, como representante maior, o Arabá
Aworidan Agboola.
A Yanifá Ifádayìísi lidera o culto religioso no
Egbé Ifá Ogundafun.
O Ifá nos impõe a fidelidade da prática trazida pelos
nossos ancestrais africanos, sem a aculturação de elementos brasileiros.
É o senhor dos destinos.
Por tanto, nos dá uma
larga margem de realinhamento do indivíduo aos seus destinos (odus) desde o seu
nascimento até a realização de suas missões enquanto sujeito espiritual.
Em janeiro de 2015, o egbe teve
a honra de receber o Oluwo Ifagbain Agboola e sua comitiva para a realização de
várias cerimônias, iniciando pessoas por Isefás (apresentação a Ifá), Itefá (iniciação para Babalawos Itelodú) e várias
outras cerimônias relacionadas ao culto.
Referências
4. [www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DCDoZn31AYY
El sistema de adivinación Ifa]
·
Maupoil, Bernard, 1906 - La géomancie à
l'ancienne Côte des Esclaves, African Art, Geomancy—Africa, West - Slave Coast,
Ethnology - Africa, West - Slave Coast. [ISBN
2-85265-012-6]
·
William R. Bascom: Ifa Divination:
Communication Between Gods and Men in West Africa [ISBN 0-253-20638-3]
·
William R. Bascom: Sixteen Cowries:
Yoruba Divination from Africa to the New World [ISBN 0-253-20847-5]
·
William R. Bascom: IFa Divination - Indiana
University Press - Bloomington and Indianapolis [ISBN 0-253-32890-X][ISBN 0-253-20638-3 (pbk)]
·
The Sacred Ifa Oracle - Afolabi A. Epega and
Philip John Neimark - Harper San Francisco [ISBN 0-06-250309-X (pbk)][ISBN 0-06-251230-7 (cloth)]
·
Ifa - African Gods Speak - The Oracle of the
Yoruba in Nigeria - Christoph Staewen - LIT Verlag [ISBN 3-8258-2813-1]
·
Jorge Escobar -
Vivências em Ífa
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