sábado, 27 de fevereiro de 2016

Orisá Èsù

Orisá Èsù 

EXÚ – “ELEGBARÁ”


Elegbará é o senhor do poder, ele o representa e o controla. Apalavra Exu em Yorubá quer dizer esfera.
Elegbará tem o poder de se deslocar para todos os lugares e usam transportes (carros, barcos, etc..). Não vive somente nas encruzilhadas nas madrugas fazendo emboscadas. É verdade que gosta de lugares escuros e suspeitos, porém se afina facilmente a qualquer local.
Elegbará tem o poder de fazer o bem e o mal.
No candomblé se usam denominações diferentes para distinguir Exu Bará dos demais Exus.
Emprega-se o termo Iku-egun que significa entidades que tiveram vida terrena e que cumprem missão na Terra (exus, caboclos e pretos velhos de Umbanda).
Os Exus Ikú-eguns são aqueles eguns desencarnados que tiveram pouca iluminação espiritual e vivem à serviço de outros Exus, os quais trataremos mais tarde.
É de extrema importância que não se faça confusão com BABA_EGUN, que são ancestrais mortos, com desenvolvimento espiritual mais elevado e que atingiram a categoria de Babá.
Os Exus Ikú-eguns usam o tridente de ferro como símbolo, cujo significado é o seguinte: o primeiro dente representa a força positiva, o do meio à força neutra, e o último a força negativa.
O Elegbará que trataremos nesse capítulo não é este que usa tridente, o Exu em questão usa uma ferramenta original feita de bronze ou ferro. É constituída de sete ferros voltados para cima, que simbolizam os sete caminhos do homem. Esse tipo de entidade recebe o nome de Exu Bará.
A palavra significa:
OBÁ: REI; ARÁ: CORPO – “aquele que habita o corpo do homem”.
De modo geral, Exú Bará é o nome dado ao Exu ligado ao destino individual e princípio dinâmico de todas as coisas.
O Exú Bará traz no dorso um bastão de madeira com uma cabeça humana esculpida, terminando com um gorro curvo para traz, enfeitados com as contas e búzios. Este bastão recebe o nome de ògó-elegbará.
Exu é o primeiro orixá a ser louvado no candomblé, porque representa o princípio do movimento. Uma vez acionado é preciso controla-lo, como se sabe com respeito a qualquer movimento.
Como a fome é um dos motivos que levam o homem a se mover em direção a um objetivo, Exu come demais. E por comerem as plantações, é que as formigas sao tidas como sendo de Exu e a terra dos formigueiros também.
Ele é compreendido na África como um deus do movimento (nada a ver com o diabo cristão, embora o sincretismo o associe assim, no Brasil), que come tudo que pode, e que é "quente".
Exu mora nas encruzilhadas (a ideia é "o que é, mas não é", sempre. Uma encruzilhada a princípio não é caminho algum e ao mesmo todos eles, certo?)
Os pés de qualquer animal também sao de Exu, segundo os africanos. E Exu é controvertido, porque tem um gênio travesso (Em Cuba, por causa disso ele é o Menino Jesus) e faz o que lhe pedem.
Não tem noção de bem e de mal e se movimenta apontando o pênis para o lugar onde quer ir. Não existe lugar, no passado, presente ou futuro a que Exu não possa ir.
Existe um oriki (verso sagrado) que diz, inclusive, que "Exu mata ontem um passarinho com pedra que atirou hoje para o amanhã."
Exu também é associado à sexualidade, a segunda fome humana. O dia da semana: segunda-feira (o primeiro dia na semana ioruba, que tem 4 dias, também).
Existem infinitos avatares de Exu, e mitos muito bonitos também. Um deles, de que eu gosto muito conta que "Exu, filho primogênito de Iemanjá com Orunmilá, o deus da adivinhação e irmão de Ogum, Xangô e Oxóssi, era voraz e insaciável. Conseguiu comer todos animais da aldeia em que vivia.
Depois disso, passou a comer as árvores, os pastos, tudo que via até chegar ao mar. Orunmilá previu então que Exu não pararia e acabaria comendo os homens, e tudo que visse pela frente, chegando mesmo a comer o céu. Ordenou então a Ogum que contivesse o irmão Exu a qualquer custo. Para conseguir isto, Ogum foi obrigado a matar Exu, a fim de preservar a terra criada e os seres humanos.
Mas mesmo depois da morte de Exu, a natureza, os pastos, as árvores, os rios, tudo permaneceu ressecado e sem vida, doente, morrendo. Um babalaô (representante de Orunmilá na terra) alertou Orunmilá de que o espírito de Exu sentia fome e desejava ser saciado, ameaçando provocar a discórdia entre os povos como vingança pelo que Orunmilá e Ogum haviam feito.
Orunmilá determinou então que em toda e qualquer oferenda que fosse feita pelos homens a um orixá, houvesse uma parte em homenagem a Exu, e que esta parte seria anterior a qualquer outra, para que se mantivesse sempre satisfeito e assim possibilitasse a concórdia".
Cor: preto e azul escuro entre os iorubas, preto e vermelho entre os angolas (A cor preta se relaciona ao fato de que para que a luz chegue a algum lugar o movimento já precisa ter sido acionado, ou seja Exu deve ser antes do movimento da luz)
Elemento: fogo e ar.
Símbolo: ogó (um pênis de madeira, com búzios pendurados simbolizando o sêmen)
Número 1
Comida: farofa
Saudação: Laroiê, Exu!
EXU (“esfera”)
A palavra EXU em iorubá significa "ESFERA", aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu serve como intermediário entre os Orixás e nós, homens. É a força da criação, é o princípio de tudo, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, (o que não quer dizer coisa ruim). Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o infinito, infinitas vezes. É o primeiro passo em tudo.
Está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência.
É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos, que carregam em seu plexo este elemento dinâmico denominado Exu. No candomblé é chamado Bará, ou seja, "no corpo", preso a ele. É a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas. Aquele que ludibria, engana, confunde; mas, também ajuda, dá caminhos, soluciona.
Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados para cima representando os sete caminhos do homem, os sete chacras (pontos de captação, distribuição e armazenamento de energia), as sete cores, as sete auras.
É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás faz com que supere o real, e atinja o mágico. São os orixás que respondem no jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta.
Não é dele a responsabilidade de decidir o que é certo ou errado; apenas realiza a tarefa para a qual foi invocado. Teria mesmo papel que o deus Mercúrio na mitologia grega.
O mensageiro dos deuses. É o elemento de ligação entre este mundo e o outro. É difícil de ser definido de maneira coerente, gosta de gerar disputas e provoca acidentes.
É vaidoso, grosseiro, indecente, a presença de Exu está no membro ereto do macho, na penetração da fêmea, na ejaculação, na primeira célula que está em formação, na paixão, no desprezo, no engano, na dor. Exú trabalha mediante dinheiro, bebida ou sacrifício animal.
Mas, cuidado: é bom cumprir com suas obrigações, pois ele pune quem não cumpre a palavra, é um servo, porém enérgico e sensual ao extremo, atua como segurança de seus devotos, sua especialidade é quebrar normas e regras. Ele é amado e odiado em igual proporção e seus raros “filhos” costumam ser provocadores, abusados, astutos, ágeis física e mentalmente.
Seu comportamento humano é erroneamente ligado ao diabo, no sincretismo. Contudo, isso é uma inverdade. É um orixá que vive e transita entre todas as dimensões, muito vivido e, por vezes, amargo e explosivo.
Ele é o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermediário é possível adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema.
É o princípio da comunicação.
Está fortemente representado no O-POM-de-IFÁ (tábua adivinha tória de Ifá – Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losângulos.
O sistema oracular funciona graças a ele. Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos. É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento de seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Porém, Exú possui o lado bom e, se ele é tratado com consideração, reage mostrando-se serviçal e prestativo.
Se, ao contrário, esquecerem de lhe oferecer sacrifícios e oferendas, podem esperar catástrofes. Desta forma, revela-se o mais humano dos Orixás, nem completamente mau, nem completamente bom. Historicamente, por ter o poder de estar em vários lugares ao mesmo tempo, diz-se que Exú tem o dom da “UBIQUIDADE”.
Ele controla o equilíbrio entre ÒRUN (céu) e ÀIYÉ (terra). Como Orixá, diz-se que ele veio ao mundo com um porrete, chamado OGÒ, que teria a propriedade de transportá-lo, em algumas horas, a centenas de quilômetros e atrair, por um poder magnéticos, objetos situados a distâncias grandes.
EXÚ é o guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas e serve de intermediário entre os homens e os deuses.
Cada ORIXÁ possui o seu EXÚ no jogo de IFÁ (uma prática comum, que se utiliza de 16 búzios) é ele o portador da resposta. Chamam-no também de Legba ou Elegba. EXÚ é o primeiro que se serve e cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos, todos os orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um. Cada ser humano possui o seu EXÚ BARA, que é assentado, não vira na cabeça de ninguém. Este Exú nasce e morre com a pessoa.
O principal Exú do LÉSÉ-ÉGÚN é o MONÃMONÃ, seu culto só acontece quando trovões e relâmpagos cortam os céus. Seu assentamento fica numa cabana de sapê, aberta, ficando a mostra.
Na África existem iniciados no Culto Afro-Brasileiro, são pouquíssimas as pessoas “feitas de Exu”.
Não se pode ir a um Orixá sem antes tratar de Exú. Embora seus toques sejam rápidos (ex. Bravum Adarrum), ele dança com satisfação qualquer toque aos Orixás quando ordenado. Exceto para Oxalufã, com o qual ele brigou por desejar seu trono. Ele tem o título de ASIWAJU, quer dizer: aquele que vai na frente dos todos e o primeiro a ser servido. Exú é o detentor de axé e quem, junto com Olodumaré, criou o universo, ambos têm o mesmo poder.
Num terreiro (Egbé) temos o Exú da porteira (guardião), fica na entrada do terreno, faz a revista nas pessoas que entram e saem, e seguem as ordens do Exú, dono do local. Algumas casas têm, em volta, sete ou quatorze, assentos de Exú, abaixo do nível da terra, e todas as vezes que há alguma festa na roça, esses exus comem.
QUALIDADES
YANGI: É o mais velho, a primeira forma a surgir no mundo. É o dono do poder dinâmico do processo da multiplicação dos seres. Está ligado tanto ao ancestral masculino como ao feminino. Carrega o ADOIYRAN, cabaça que contém a força de se propagar. Esta cabaça vai no assentamento. É companheiro, inseparável, de OGUN, a ponto de serem confundidos. Rei dos Exú. Veste o branco, vermelho e o azul escuro. Come bichos machos e fêmeas.
AGBO: De Omolú
AKESAN : É relacionado ao jogo de Búzios
LALU: É jovem, está ligado a Oxóssi, Logun-Edé e vem dos caminhos de Oxalá. Não deve beber cachaça nem dendê. Veste-se de branco. Vem, também, para outros Orixás. Tem muitos filhos.
GERI: Ligado a Oxum Iapondá
GIBIRIN: Ligado a Oxaguiã e Ossayin
TIRIRI: É de grande valor e mérito, está associado a Ogun e Oxóssi. Usa vermelho ou todas as cores. Sempre nas porteiras e caminhos, tem grande força.
SIGIDI: Só serve a homens. Provocador de brigas.
ALAKEFO: Associado a Nanã
BARAKESAN: Ligado a Oyá
IGBARABO: Junto a Xangô, Yemanjá e Ogun
YNÁ: É invocado no início do PADÊ. É associado ao fogo e representa a força. É simbolizado pelo EGAN (gorrinho em forma de cone), pelo pássaro e pelo IKOODÍDE, pena vermelha do papagaio ODÍDE. Usa vermelho.
BARA IFÁ: Destinado ao Jogo de Búzios
ALAKETU: É o Exú do dinheiro, veste branco, vermelho e azul escuro. Causador de acidentes.
ABENEKWA: Ligado a Oxum Ajagurá
ELERU: É o senhor das oferendas, o portador e o mensageiro. É sempre o primeiro a ser invocado. Veste o preto e o vermelho. É o dono do dendê. É ele que carrega o dendê na peneira.
YGELU: Associado ao WÁJÌ, que representa o fruto da terra e por extensão o mistério do processo oculto da vida e da multiplicação. Dele é o caracol africano. Veste o azul arroxeado. Às vezes aparece vestido de preto.
ODARA: É invocado no padê. Providencia a comida e a bebida de todos. É benéfico, não gosta de bebida alcoólica, aprecia mel e vinho, gosta de branco, mas usa vermelho e preto. Ele nos dá a fortuna.
LONA: É o Exú das porteiras dos barracões, vigia os caminhos. Traz os clientes e a fartura. Usa vermelho, preto e azul arroxeado.
OLOBÉ: Este Exu é o dono da faca. É ele que separa as frações de substâncias para formar outros seres diferentes. É muito semelhante ao OGUN XOROQUE, anda pelas madrugadas, sempre procurando os profanadores de oferendas postas nas encruzilhadas. Sua cor é azul arroxeado. Ele é o AXOGUN e sacerdote, sacrificador da sociedade das ÌYÁMI ÀJÉ.
ENÚGBANIJO: É o dono da boca, aquele que fala e traz as respostas.
LARÓYÈ: É astuto e provoca brigas
COR preto, vermelho, branco, azul-marinho e cinza
COMIDA caçá branco/vermelho, Aberén, Obi vermelho, Orogbo, Epo pupa, Farofas de: dendê –
Agilizar o Waji –
Dinamizar Gema de ovo – prosperidade a Clara de ovo – despachar a rua
Mel de abelhas
Carne frigida no epo pupa ou crua ou carne seca
Banana cozida
Banana da terra no epo pupa
Atare
Orogbo
DIA DA SEMANA
: segunda-feira
DATA
: não existe especificamente, pois todos os dias são de Exú.
FRUTAS
: limão, banana, cana-de-açúcar
FOLHAS
Folha da costa
Bredo-sem-espinho
Alfavaquinha
Mal-me-quer-bravo
Tiririca
Folha de bobô
Cansanção-de-porco
Cansanção branco-de-leite
Picão da praia
Folha da fortuna
Urtiga
Tento de Exú
Arrebenta cavalo
Mamona
Mulungun
Vassourinha de N. Senhora
Folha de fogo
Coração de negro
Fruto da aroeira vermelha
Figueira brava
Bredo
BEBIDAS
: Todas as bebidas fortes
IIEKÉ:
Contas pretas e vermelhas
METAL
: não tem, sua matéria é a terra, pois nasceu da terra em forma de pênis.
PARTES DO CORPO
: sensação de sede e de fome, cavidade do Ori (cabeça), cavidade do útero, atividade sexual (não da atividade procriadora, da fecundação, pois ele é o resultado, o descendente), placenta fecundada, os pés (bola dos pés), uma parte do fígado (a outra é de Oyá).
SÍMBOLOS
: Ogó (bastão cheio de tranças de palha numa ponta com cabeças penduradas, nas quais ele traz suas bebidas. O Ogó é todo enfeitado de búzios).
SACERDOTES
: Lebasi – filhos de Exú
Obs.: na Nigéria tem o nome de Oluponá
CARGOS: (femininos) DAGAN OTUN DAGAN OSI DAGAN
TOQUE: Bravun
SAUDAÇÃO Larôye, Exú
Koba Larôye Mojuba Exú
Koko ro bi jô
(EXU, o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete da linguagem dos mortais e dos ORIXÁS. É, pois, o encarregado de levar aos deuses da África o chamado de seus filhos estrangeiros. E nestas notas introdutórias, ele e chamado a levar aos filhos estrangeiros amostragem das infinitas possibilidades deste rico Panteão, que se mantém vivo na África, no Brasil e em outros países do Novo Mundo).
EXU - EXU é o preexistente à ordem do mundo. Como a própria vida, ele se transforma sem parar, mas não uniformemente, porque EXU muda o jogo a seu bel prazer - é um "tríckster". É astucioso, vaidoso, inteligente e ambíguo, a tal ponto que os primeiros missionários assustados compararam-no ao diabo, dele fazendo símbolo de tudo que é maldade. Mas EXU, por ser o próprio dinamismo, é quem faz, com seus paradoxos, as coisas manterem-se vivas. É ele que propicia estar o AXE sempre circulando e, ao ser tratado com consideração (oferendas) reage favoravelmente, mostrando-se serviçal e prestativo. EXU revela se o mais humano dos ORIXÁS, nem completamente mau, nem completamente bom. Por estar relacionado com os ancestrais, ele é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas. Cada pessoa tem o seu BARA - até cada ORIXÁ tem seu EXU.
Ele está em tudo e com tudo, pois é o intermediário eterno entre os homens e os deuses. É por isso que em todas as cerimônias do CANDOMBLÉ sua oferenda é a primeira e chama-se PADÉ – que significa reunião. No PADÉ, EXU é chamado, saudado, cumprimentado e enviado ao além, com dupla intenção: convocar os outros ORIXÁS para a festa e ao mesmo tempo afasta-lo, para que não perturbe a boa ordem da cerimônia, com seus golpes de "tríckster". Como transportador das oferendas, ele é
OXETUÁ, filho de OXUM com os dezesseis ODU do oráculo (Jogo de búzios) (CAURI) este aspecto benfazejo de EXU outorga-lhe o poder de restituir a fecundidade ao mundo. Como senhor do poder da transformação, ele é EXU ELEGBARA, que foi cortado em pedaços e em seguida se regenerou e, ao fazê-lo, reuniu simbolicamente o Universo inteiro.
EXU mantém o equilíbrio das trocas, provoca o conflito para promover a síntese. Tudo que se une, multiplica-se, separa-se, transforma-se - tudo é EXU, personificação do princípio da transformação. Seu dia é segunda-feira. Ele está associado à nascente e ao futuro e sua cor é o azul escuro arroxeado, cor do mistério da procriação. Seu animal e o cão; o cacto e o mandacaru são suas plantas. Rege o sexo e usa um chapéu que se assemelha ao falo: não há sexualidade sem EXU.
OKOTÓ é o caracol, símbolo de EXU, e representa a espiral da evolução. Quando se manifesta, é saudado por um de seus nomes (LAROYE). Veste-se de branco, azul e vermelho, leva na mão um tridente ou um ferro de sete pontas ou ainda uma lança.
O tipo psicológico do filho de EXU tem as seguintes características: é robusto, ágil, dinâmico, incansável, transborda vitalidade. Ë grande amigo dos prazeres da vida, guloso, está sempre com fome e bebe bastante. E por isso que ninguém do CANDOMBLË deve beber nada sem antes jogar no chão da porta da rua, bebida para EXU. Alegre, brincalhão, gosta de pregar peças, esconder objetos, contar mentiras, ensinar o caminho errado. Adora chocar, dizer palavrões. E desordeiro e adora tumultuar festas e reuniões.
Quando lhe convém, pode ser extremamente trabalhador, eficiente, incansável e obstinado – tendo em vista sempre o que com isso irá ganhar. Mas é totalmente imprevisível, podendo deixar o trabalho em que se empenha apenas por capricho. Não é, entretanto, Insensível.
É prestativo e não recusa sua ajuda aos amigos. É chamado sempre para resolver problemas financeiros, brigas, encrencas amorosas, as quais com habilidade e bom humor consegue dar uma solução feliz. Mas a principal característica dos filhos de EXU e a exacerbação da sexualidade; suas vidas são regidas por intensa atividade sexual, e fidelidade sexual e algo impossível de obter-se dos filhos de EXU.
Exu para uns, é um Orixá como todos outros, mas que raramente se tem notícia de alguém que seja
Seu filho, na maioria das vezes as pessoas desse Orixá na hora da feitura são consagradas a Ogun.
Segundo a maioria dos pesquisadores, na África as pessoas consagradas a Exu são orgulhosas disso, mas no Brasil em virtude do sincretismo que fizeram de Exu com o Diabo, o mesmo não acontece as pessoas de Exu preferem ser de Ogun, para não serem discriminadas.
Exu é o mais sutil e o mais astuto de todos os Orixás.
Ele aproveita-se de suas qualidades para provocar mal-entendidos e discussões entre as pessoas ou para preparar-lhe armadilhas. Ele pode fazer coisas extraordinárias como, por exemplo, carregar, numa peneira, o óleo que comprou no mercado, sem que este óleo se derrame desse estranho recipiente! Exu pode ter matado um pássaro ontem, com uma pedra que jogou hoje!
" Èsù é o princípio reparador do Sistema Nàgô.
É o controlador rígido de todos os sacrifícios. Inspetor geral, segundo Idowu (1962); "oficial de polícia imparcial", segundo Abimbola (1969:393) que diz: "a ação de Èsù é a de... punir os contraventores, particularmente aqueles que negligenciaram fazer o sacrifício prescrito".
Èsù Yangí, segundo a história Atòrun dòrun Èsù, delega a dívida: o que foi introjetado por ele será restituído através dos ebós efetuados por todos os elementos procriados. A restituição é deslocada, é transferida a um outro objeto ou a um outro ser com o qual o ofertante se identifica. Esse mecanismo, que consiste em transferir a um outro a restituição do àse absorvido, é fundamental para a compreensão dos rituais de oferenda e da dinâmica do sistema. A restituição transferida - a oferenda - é que permite manter a integridade de cada indivíduo; controlada por Èsù Elebo, ela permite ao Èsù acompanhante exercer sua função de princípio dinâmico, desenvolver e expandir a existência de cada indivíduo".
Assim, com o devido respeito, começamos por saudar ao Imole Eshu:
Mo ju iba, Esu Oba Baba awon Esu! Iba se, o!
Saudações, Eshu Senhor e Pai de todos os Eshu!
Que esta homenagem se cumpra!
E pedimos-lhe Ago / licença para citar o seu Orisirisi / Contos Imemoriais onde se fala de seus dezesseis maiores atributos, sobretudo ligados ao Culto de Ifá, e que são tão negligenciados hoje em dia até pelos seus El'esu / Sacerdote de Eshu!
Eis aqui seus maiores dezesseis títulos e suas correspondentes "qualidades", os quais sempre foram ligados aos 16 Odu / Fundamentos de Tradição dos Itan Ifá / Contos de Ifá de Ilê Ifé / a Cidade Santa de Ifé:
Esu Yangí - o Senhor da Laterrita Vermelha
Esu Agba - o Senhor Ancestral
Esu Igba Keta - o Senhor da Terceira Cabaça
Esu Okoto - o Senhor do Caracol
Esu Oba Baba Esu - o Rei e Pai de todos os Eshus
Esu Odara - o Senhor da Felicidade
Esu Osije - o Mensageiro Divino
Esu Eleru - o Senhor da Obrigação Ritual
Esu Enu Gbarijo - o Senhor da Boca Coletiva
Esu Elegbara - o Senhor do Poder Mágico
Esu Bara - o Senhor do Corpo
Esu L'Onan - o Senhor dos Caminhos
Esu Ol'Obe - o Senhor da Faca
Esu El'Ebo - o Senhor das Oferendas
Esu Alafia - o Senhor da Satisfação Pessoal
Esu Oduso - o Vigia dos Odus
ARQUÉTIPO
O arquétipo de Exu é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam pessoas com caráter ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com inclinação para a maldade, o desatino, a obscenidade, a depravação e a corrupção.
Pessoas que têm a arte de inspirar confiança e dela abusar, mas que apresentam, em contrapartida, a faculdade de inteligente compreensão dos problemas dos outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais zelo quanto maior a recompensa esperada. As cogitações intelectuais enganadoras e as intrigas políticas lhes convêm particularmente e são, para elas, garantias de sucesso na vida.
ESSABAS DE EXÚ
Folha da Costa – Odun-dun
Bredo sem espinho - Teté
Aroeira
Fruto da aroeira vermelha
Cansanção-de-porco – Kankan
Cansanção branco de leite - Inã
Folha de mangueira
Açoita Cavalo
Dedo de Exú
Folha de Tento de Exú
Folha de Bobó – Kanan-kanan
Tiririca - Labre
Mal-me-quer-bravo - Pepé
Carrapicho de Agulha – Picão-da-praia - Aberê
Palma do Diabo
Corredeira Preta
Corredeira Branca
Urtiga
Alfavaquiva – Orim-rim
Folha do Fogo
Coração de Negro
Figueira Brava
ÈSÙ
ABRANDA FOGO; AMENDOEIRA; AMOREIRA; ANGELIM; AROEIRA;
ARREBENTA CAVALO; ARRUDA MIÚDA; AZEVINHO; AVINAGUEIRA;
BARBA DO DIABO; BARDANA; BELADONA; BRINCO DE PRINCESA;
CACTUS (TODOS); CANA-DE-AÇÚCAR; CANA DE MACACO; CANJERANA;
CANSAÇÃO; CATINGUEIRA; BELDROEGA; CAJUEIRO; CANJERANA;
CARRAPICHO; COMIGO-NINGUÉM-PODE; CORREDEIRA; CRIZANTEMO;
ERVA PREÁ; FIGUEIRA PRETA; FOLHA DA FORTUNA; FEDEGOSO; FOLHA
DA COSTA; GARRA DO DIABO; TAJUJÁ; SEMPRE VIVA; TAMIARANGA;
TAPIXIRICA; TAYUYA; TINHORÃO ROXO; TINTUREIRA; TIRIRICA
(DANDÁ-DA-COSTA); URTIGA; JAMELÃO; IVITINGA; JUAZEIRO;
JURUBEBA; LARANJEIRA DO MATO; MACONHA; MAMÃO BRAVO;
MAMÃO; MANGUEIRA; MATA CABRAS; MANJERIOBA; MATA PASTO;
MUSSAMBE; MARIA MOLE; ORA-PRO-NOBIS; PALMEIRA AFRICANA; PAU
SANTO; PAU D'ALHO; PERPÉTUA; PICÃO DA PRAIA; PIMENTA DA
COSTA; PIMENTA MALAGUETA; PINHÃO BRANCO; PINHÃO ROXO;
MIXIRICA; QUIXAMBEIRA; XIQUEXIQUE; SÃO GONÇALINHO; ASSAPEIXE;
BABOSA; MENTA; PATCHOULI.
A seguir coloca-se em ordem de preferência as comidas que Exú gosta
- PREÁ
- Peixe fresco ou defumado
- Aves
- Comidas secas
- Cabritos e porcos
Qualidades de Exú Bará:
- Exú Lona ou Inã
- Exú Odara
- Exú Ojise-Ebo
- Exú Ajelu, Ijelu, Ajelu Lalu
- Exú Ifê-Milê
- Exú Barakesan
- Exú Alekefó
- Exú Alaketu
- Exú Mojubá
- Exú Ajake-Osun
- Exú Tiriri
- Exú Soroxé
- Exú Elebó
- Exú Akueran
- Exú Eleru
- Exú Yangui ou Agbá
QUALIDADES DE EXÚS:
1.Elegbára
2.Alákétu
3.Laalu
4.Jelu
5.Run danto
6.Tiriri
7.Lonan
8.Jele bara
9.Anan ou Inan
10.Bará
11.Jigidi
12.Mavambo
13.Embeberekete
14.Sinza Muzila
15.Sandú
16.Baragbo
17.Akesan
18.Baralajki
19.Betire
20.Lamu Bata
21.Okanlelogun
ASPECTOS: EXÚ LONÃ ou INÃ: É um dos primeiros a ser invocado nas cerimônias de Ipadê. É o protetor do Babalorixá do Egbé. Este Exú está ligado ao fogo.
EXÚ ODARA: Invocado na cerimônia do Ipadê, afim de proporcionar bem-estar, felicidade, satisfação e harmonia.
EXÚ OJISE-EBO: É invocado antes de qualquer oferenda aos Orixás. Ele é responsável pela entrega dos ebós.
EXÚ IJELU: Ligado à multiplicação e crescimento dos seres diversos, regula a lactação materna, ou seja, toda a transformação dos seios durante a gravidez. Está associado também ao pequeno caracol.
EXÙ MILÉ: Está relacionado ao amor, ao lado emocional, ao afeto humano. Costuma proteger os filhos de Oxum, Nana e Yemonjá.
EXÚ BARAKESAN: Supervisiona as trocas feitas pelo homem.
EXÚ ALEKEFÓ: Está ligado aos meses do ano, regula os movimentos da Terra.
EXÚ ALAKETU: Este está ligado à nação Ketu.
EXÚ MOJUBÁ: Este Exú está envolvido às traições do homem. Moju: viver à noite; Ba: armar emboscada.
EXÚ AJAKE-OSUN: Este Exú só faz o bem, se recusa a fazer o mal. Só gosta de ser tratado por homem.
EXÚ TIRIRI: “Ti” - com grande força, “Riri” - valor e mérito. Tiriri recebeu este nome por ter atingido um grau especial.
EXÚ SOROKÊ: Trabalha com Ogun Sorokê. Sorokê quer dizer: grito forte, brado.
EXÚ ELEBÓ: Carregador de Ebó.
EXÚ AKUERAN: Está ligado à caça.
EXÚ ELERU: Começa a ser assentado do lado de fora até chegar dentro do Egbé.
EXÚ YANGUÍ ou AGBÁ: Exú pé-de-òkotó, Rei de todos os seus descendentes. Foi o primeiro nascido de sua linhagem, pai ancestral. Este Exú foi formado através da mistura de água e terra (lama), matéria prima que Ikú usou para modelar o ser humano.
É conhecido também como pedra vermelha de laterrita ou como a proforma (primeira forma), ou seja, primeira matéria dotada de forma.
LENDA DE EXÚ
Elegbara foi procurar uma rainha desprezada, cujo marido a havia abandonado.
Elegbara pediu à rainha apaixonada que trouxesse alguns fios de barba do Rei, dando a ela uma faca para executar sua ordem e prometendo que lhe faria um amuleto para trazer o marido de volta.
Logo após, Elegbara foi à casa do filho da Rainha, aquele que herdaria o trono. Este príncipe vivia fora do reino do pai. A tradição local impunha tal condição, por acreditarem que a cobiça pelo poder lhes subisse a cabeça e os jovens príncipes fossem levados a cometerem crimes contra o Rei.
Elegbara disse ao príncipe que o Rei iria para ume batalha e desejava a presença do filho e seus guerreiros no castelo real à noite.
Por último, Elegbara foi ao Rei e disse-lhe que a Rainha desprezada, tomada de ódio pela sua antipatia para com ela desejava mata-lo. Elegbara disse que o Rei deveria ter muito cuidado à noite.
Ao anoitecer, o Rei foi para os seus aposentos como de costume. Mais tarde, chegou a Rainha aproximando-se devagar com uma faca, pois tencionava cortar alguns fios da barba do Rei. O Rei avisado por Elegbara toma tal situação como uma tentativa de assassinato, desarmando a Rainha e começando uma luta.
O príncipe chega ao palácio e ouve gritos e barulhos vindos do quarto real. Ele e seus guerreiros invadem o quarto e presenciam o Rei e a Rainha lutarem e pensam que o Rei estava tentando matar a Rainha. Por sua vez, o Rei vendo o príncipe e os guerreiros invadindo seu quarto, julga como uma conspiração entre mãe e filho para tirar seu trono. Trava-se assim, uma batalha cruel entre pai, mãe e filho, o que levou a destruição de todo o reino.
LENDA DE EXÚ
Conta-se que dois grandes amigos tinham, cada um, um pedaço de terra, dividido por uma cerca. Diariamente os dois iam trabalhar, capinando e revirando a terra para plantio. Exú interessado nas terras, fez a proposta de adquiri-las, o que foi negado pelos agricultores. Aborrecido, mas determinado a adquirir aqueles dois terrenos, procurou agir. Colocou na cerca um boné, de um lado branco e do outro vermelho.
Naquela manhã, os amigos lavradores chegaram cedo para trabalhar a terra e viram o boné na cerca. Um deles viu o lado branco e o outro o lado vermelho.
Em dado momento, um dos amigos perguntou: - O que este boné branco faz encima da cerca?
O outro respondeu: -Branco? Mas o boné é vermelho! E começaram uma discussão incansável.
Desencadeou-se uma luta corporal, e com as mesmas ferramentas de trabalho mataram-se.
Exú que de longe assistiu a tudo, esperando o desfecho já imaginado por ele, aproximou-se e assumiu a posse das terras, não sem antes fazer um comentário bem sagaz:
Que gente confusa que não consegue resolver problema tão simples!
LENDA DE EXÚ
Havia uma rivalidade entre Exú e Oxalá. Ambos discutiam sobre a sua supremacia, ou seja, quem detinha o poder, quem era o mais antigo, quem iria governar.
Oxalá se sentindo insultado, durante uma disputa cheia de malícias, armadilhas e enigmas, apodera-se da cabaça que põe fim ao poder de Exú, transformando-o em mero servidor, aquele que transporta e codifica as informações e mantêm a ligação entre Aiyê e Orun!
LENDA DE EXÚ
Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorum, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.
Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.
Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.
Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.
Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.
Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.
Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.

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